Luis Rouxinol fechou temporada com chave de ouro e mais um grande triunfo |
Rouxinol ao quite e a rabejar, no momento da queda e colhida de Tomás Pinto, felizmente sem consequências de maior para cavaleiro e cavalo |
Só por milagre o cavaleiro praticante Rui Guerra não foi parar dentro da trincheira, nesta aparatosa colhida sofrida logo a abrir a sua exibição... |
Miguel Alvarenga - Ontem em Évora, na corrida que fechou oficialmente a temporada, tarde marcada por um grande curro de toiros da triunfadora ganadaria Passanha (foto ao lado), por duas históricas pegas dos dois grupos de forcados participantes - a do grande António Alfacinha, cabo dos Amadores de Évora; e a do consagrado Nuno Pitéu, dos Amadores de S. Manços - e por um êxito rotundo de Luis Rouxinol, que não apenas brilhou em grande na lide do segundo toiro da corrida (brindada a João Pinto, sem que isso queira dizer que este vá ser o apoderado substituto de Penedo...), como se destacou depois - como sempre e como é seu costume - num fantástico e arrojado quite, rabejando o quinto toiro da tarde no momento dramático da queda e colhida de Tomás Pinto, evitando o pior.
Viveram-se ainda momentos de aflição quando, no último toiro da tarde, o praticante Rui Guerra foi, logo de início, aparatosamente colhido contra as tábuas, só por milagre não caindo na trincheira. Destaque ainda, na derradeira corrida de 2015, para dois bons ferros de António Telles em lide assim-assim, para a confirmação do grande momento em que Ana Batista terminou a temporada e para as prestações menos felizes de Vitor Ribeiro, de Tomás Pinto e do jovem Guerra, o primeiro a permitir violentos toques nas montadas, os dois últimos a evidenciar pouca rodagem e alguma verdura, apesar de estarmos em fim de temporada, mas de uma temporada em que pouco actuaram.
Ribeiro alternou altos e baixos numa lide pouco convincente e algo descoordenada, Pinto manifestou alguma falta de rodagem e Guerra procurou fazer as coisas bem feitas, tem um cavalo com grande aptidão, mas falta-lhe praça, não está toureado e a sua actuação não deixou grande lembrança, para lá de um grande ferro curto, o primeiro da séria que crevou.
Ana Batista reencontrou-se nesta temporada e terminou-a da melhor forma com grandes actuações em Coruche, na última do Campo Pequeno e ontem em Évora, onde enfrentou um Passanha que, como os demais, pedia contas e ela lhas deu, com recortes de boa brega e ferros de muita emoção.
O primeiro toiro da corrida foi o mais reservado e não permitiu grande luzimento a António Ribeiro Telles que, contudo, esteve acertado e praticou o toureio clássico que nos enche as medidas.
O grande triunfador da última corrida do ano foi Luis Rouxinol, que cumpria ontem o seu 44º espectáculo de 2015, mais um ano em que, como sempre, se destacou e que encerrou com o estatuto de um dos seus indiscutíveis triunfadores. Rouxinol é sempre triunfador - a saga continuou em 2015 e ontem o fecho de época não podia ter sido melhor. Destaque para o maravilhoso cavalo baio, para a verdade da emotiva brega que praticou e pelo acerto com que cravou todos os ferros, culminando com o habitual par de bandarilhas que galvanizou a assistência.
No adeus à temporada e além do grande triunfo de Rouxinol, há ainda a destacar, como atrás referi, a excelente nota com que a ganadaria de Diogo Passanha encerrou uma campanha de grandes êxitos em arenas de Portugal e também de Espanha, o notável desempenho dos campinos da casa, José Bento (o maioral) e Jorge Bento (que apesar da coincidência de apelido e de formarem uma parelha impecável, não têm laços familiares) e ainda as enormes pegas de António Alfacinha (e também outras duas de João Madeira e de João Pedro Oliveira) dos Amadores de Évora (que fecharam a temporada com três intervenções à primeira) e de Nuno Pitéu, do Grupo de S. Manços, que brindou ao grande primeiro-ajuda Gonçalo Louro (que terá actuado pela última vez), tendo este grupo executado as outras duas pegas à primeira (Jorge Valadas) e à terceira (Manuel Vieira), esta mais por falta de ajudas do que pelo valor, que foi imenso, do forcado da cara. Todos os forcados deram aplaudidas voltas à arena, à excepção de Nuno Pitéu, que teve o gesto de se retirar e deixar na arena o seu companheiro Gonçalo Louro.
A última corrida do ano registou provavelmente a maior enchente da época na praça de Évora e à entrada os aficionados deixaram, como se solicitara, bens alimentares e fraldas para apoiar a associação SolSal-Solidariedade Salesiana, a cujas responsáveis os dois grupos de forcados dedicaram pegas. Lamente-se, nos dias que antecederam a corrida, as muitas pressões dos anti-taurinos juntos da SolSal e até das autoridades eclesiásticas eborenses, protestando contra esta louvável união ao espectáculo tauromáquico. A Família Taurina voltou a ser solidária, como o foi sempre ao longo da História com as grandes e merecidas causas.
Manuel Gama dirigiu com louvável acerto a derradeira corrida de 2015, assessorado pelo médico veterinário Dr. Carlos Santana. E agora, até Mourão, onde dentro de três meses, a 1 de Fevereiro, teremos o primeiro espectáculo (festival taurino misto) da Temporada de 2016! O cartel, que uma vez mais deve ser organizado pelo Dr. Joaquim Grave, deverá ser conhecido no primeiro dia do ano, como manda a tradição. Ficamos à espera!
Já a seguir, não perca, os melhores momentos da última corrida do ano, pela objectiva de Maria Mil-Homens e Armando Alves.
Fotos Maria Mil-Homens