Rouxinol onde vai triunfa. E foi isso mesmo o que voltou a acontecer este sábado em Alcácer. Sejam Miuras, sejam Graves, ele será sempre o grande Luis Rouxinol! |
56 anos de idade, 40 de alternativa a celebrar no próximo ano, alto e baixos na recta final - que nunca vai ter fim - e a maestria de sempre, a juventude eterna, a glória de nunca, até hoje, alguém o ter ainda conseguido superar.
Depois de ter estado apenas regular na lide do seu primeiro toiro, exemplar complicado da ganadaria Murteira Grave, o Maestro João Moura entrou na arena para enfrentar o quarto toiro da corrida de sábado passado em Alcácer do Sal, um Miura de respeito e exigente, com as ganas e a garra dos seus 16 anos, quando Madrid parou para o ver e o aclamar e a revolução mourista avançou pela Península Ibérica sem para e modificando a forma de tourear a cavalo.
Recebeu o toiro com uma sorte de gaiola, como um menino em tarde de se querer afirmar, como se tivesse que provar alguma coisa mais a alguém... e depois abriu o livro, agigantou-de, lidou e toureou como só ele sabe. E foi a apoteose. Marcante. A deixar antever uma comemoração intensa, na próxima temporada, de 40 anos de alternativa - e glória. Olé, Maestro!
Com três quartos de casa bem preenchidos e o chamariz dos toiros de Miura e de Grave - que não foram propriamente as "feras" que se esperava... - esta corrida de Alcácer marca também os 20 anos de actividade empresarial, séria e dinâmica, de Vasco Durão. A quem temos que aplaudir com justiça e inteiro merecimento por mais este rasgo ousado com que voltou a dignificar a praça que tem o nome de Mestre João Branco Núncio.
Luis Rouxinol esteve como todos esperavam que estivesse: muito bem. É um Toureiro enorme, de uma raça desmedida e que nunca defrauda. Honestíssimo com o público, dá a cara em todas as tarde e impõe, com valor e arte acima da média, o seu toureio consagrado em três décadas de brilhantismo. Esteve imponente nas lides do Miura e do Grave, deixando o público em alvoroço - como sempre!
Ao jovem praticante Francisco Núncio há que louvar o gesto de aceitar este grande desafio de estar ao lado de dois Maestros do toureio a cavalo e de enfrentar toiros de tão temidas e difíceis ganadarias. Uns diziam que "era uma loucura", vaticinando que o toureiro não estava preparado para uma coisa destas. O bisneto do Califa honrou tão pesada herança e esteve digno nas lides dos seus dois toiros, especialmente na primeira. Demonstrou, obviamente, alguma "verdura" e a necessidade de limar ainda muitas arestas, melhor dizendo, de virar muitos frangos, mas a verdade é que as suas duas lides se pautaram pela dignidade e, mais importante ainda, pela vontade e o querer. É bom equitador, tem a postura de uma Dinastia célebre e soube honrá-la. Só isso valeu ter estado ali.
No que aos Forcados diz respeito e como já aqui referimos detalhadamente, a tarde foi de glória para os Amadores de Montemor com três pegas enormes ao primeiro intento por João da Câmara, Bissaia Barreto e Francisco Borges. Menos sorte - a Festa é isso mesmo - tiveram os valentes Forcados do centenário Grupo de Santarém, com valorosas, mas atribuladas pegas de João Grave, o cabo (à sexta), de Francisco Ribeiro de Almeida (à terceira) e de Manuel Murteira (à quarta).
Boa direcção, com a aficion e a exigência que o caracterizam, de Pedro Reinhardt.
Fotos Maria Mil-Homens