Rui Casqueiro, presidente da Tertúlia "Festa Brava", quando apresentava os oradores deste primeiro Colóquio na nova sede: Catarina Bexiga, José Cáceres (moderador), Joaquim Tapada e Miguel Alvarenga |
Silvino Lucio, vereador da Câmara da Azambuja (primeiro da esquerda) honrou a Tauromaquia com a sua presença, ao lado de Luis Esteves e de João Queiroz, director da revista "Novo Burladero" |
Em primeiro plano, o cavaleiro Fernando de Andrade Salgueiro |
Luísa Cerveira, Carlos Calado, José Santos e Fátima Pinto Bessa |
Fátima Nolasco |
Outro aspecto da assistência: Manuela Redondo, Luis Capucha e Fátima Nalha, Rui Casqueiro e, mais atrás, Luis Miguel Pombeiro, director do jornal "Olé!" |
Joaquim Tapada no uso da palavra |
Miguel Alvarenga e Catarina Bexiga (em baixo) durante as suas intervenções |
Falou-se de tudo e foi interessantíssimo, o Colóquio que ontem ao final da tarde decorreu na nova sede da Tertúlia "Festa Brava" na Azambuja- e que foi o primeiro de muitos que se seguirão - e em que o tema era a Imprensa Taurina, com um painel "de peso" composto por Catarina Bexiga, Joaquim Tapada e Miguel Alvarenga, com excelente, ponderada e oportuna moderação a cargo de José Cáceres. E até se falou da Imprensa Taurina!
Mas falou-se sobretudo de temas importantes que assolam a tauromaquia nacional, como por exemplo "a falta de cumprimento das regras básicas do toureio a cavalo" (tema brilhantemente abordado por Catarina Bexiga), a que o famoso aficionado Guillerme do Sobral ripostou no final lamentando que "a maior parte dos nossos cavaleiros se apresentam em praça mal vestidos, com os cavalos mal arranjados e com uma série de martingalas que são um engano, mas de que o público não se apercebe, por isso vou cada vez menos às corridas".
Joaquim Tapada recordou os "tempos outros" em que existiam críticos tauromáquicos como Cabral Valente, Bernardo da Costa Mesquitella, Leopoldo Nunes, Saraiva Lima, Nizza da Silva e tantos outros que marcavam a diferença e Miguel Alvarenga referiu que "esses senhores de antigamente eram catedráticos, sabiam do que escreviam e escreviam nos principais jornais nacionais porque eram convidados pelos respectivos directores, em nome do seu prestígio e da sua sapiência".
"Hoje em dia - continuou o director do "Farpas" - existe, desse tempo e desse grupo de que ainda recentemente publiquei uma foto, o João Queiroz que é, quanto a mim, o único crítico tauromáquico que temos e que fez escola na sua revista, formando novos críticos, nomeadamente a Catarina".
Miguel Alvarenga salientou que não se considera crítico tauromáquico, "até me irrita que me chamem esse nome", referindo que "sou, fui sempre jornalista e limito-me a tentar descrever jornalisticamente e sem pretensões técnicas, o que vejo numa praça. Podem chamar-lhe crónica, reportagem, o que quiserem, mas nunca crítica tauromáquica".
"Com o aparecimento da internet, qualquer menino cria hoje um site ou um blogue e intitula-se crítico tauromáquico sem sequer saber escrever português, é incrível e arrepia ler tanta coisa mal escrita e sem sequer saber nada de toiros...", acrescentou.
Luis Capucha abordou o assunto no final e fez questão de opinar que "não será tanto assim, já que entre esses meninos existem alguns válidos e que poderão vir a fazer história no futuro".
Catarina Bexiga recordou que leu muito antes de começar a escrever de toiros e que "todos os que escrevem deviam aprender na leitura nos livros antigos, nomeadamente no que D. Bernardo da Costa Mesquitella escreveu em 1933 sobre o toureio e que é um tratado".
Foram ainda intervenientes o antigo forcado José Santos, que considerou que "os comentadores das corridas na televisão deviam ser mais didáctivos e ensinar o público", o cavaleiro Fernando de Andrade Salgueiro, que considerou igualmente que os críticos tauromáquicos deveriam ter um "papel mais formador perante o leitor" e também o ganadero e antigo cavaleiro amador Engº Jorge de Carvalho, frontal e contundente, como sempre, que defendeu "a necessidade do cumprimento das regras básicas do toureio, coisa que não está a acontecer" e criticou severamente "a permanente intervenção dos peões de brega nas lides dos cavaleiros", concluindo que "hoje não se toureia a cavalo praticamente, tourea-se a duo com os bandarilheiros, já não há corridas à portuguesa, são todas mistas...".
"Quando me iniciei como cavaleiro amador, tinha os melhores bandarilheiros. O Senhor João Núncio dizia-me para deixar o António Correia dar apenas dois lances ao toiro para ver a sua investida e mais nada. Dois lances! Hoje, cada vez que um cavaleiro põe um ferro, saltam logo os dois bandarilheiros e dão inºumeros capotazos ao toiro...", acrescentou, lembrando as diferenças desse tempo para os dias de hoje.
João Queiroz teve na parte final do Colóquio uma brevíssima, mas muito oportuna intervenção, não propriamente sobre a Imprensa Taurina, mas sobre o estado da tauromaquia: "Onde estão hoje cavaleiros como João Núncio, como Mestre Batista, como Zoio, como Moura, como António Telles e João Salgueiro na sua célebre competição nos anos 90? Onde estão? Apontem-me um...".
Lamentavelmente e apesar de a sala estar praticamente cheia, à excepção de Luis Miguel Pombeiro, director do jornal "Olé!", e do já referido director da revista "Novo Burladero", não houve a registar mais nenhuma presença de representantes da dita Imprensa Taurina... Foi pena, porque teriam ao menos aprendido alguma coisinha...
Seguiu-se um jantar no Restaurante "O Picadeiro", durante o qual se continuou a abordar a temática do debate e, claro, outros assuntos.
Rui Casqueiro, presidente da Tertúlia "Festa Brava", renascida na Azambuja depois do incêndio que em 2009 destruíu a histórica sede da Praça da Alegria, em Lisboa; bem como sua Mulher, Isabel Nolasco, os grandes dinamizadores destas tertúlias, estão de parabéns por esta primeira iniciativa na nova sede. Outras se seguirão e, como já está a dar que falar desde esta manhã nas redes sociais, o próximo Colóquio pode ter por tema a cada vez mais preocupante falta de assistência médica nas nossas praças de toiros.
Fotos Emílio de Jesus