"Lisboa não podia deixar de dar toiros neste momento tão complicado para a Tauromaquia" - afirma o cavaleiro Manuel Jorge de Oliveira, na qualidade de sócio de Luis Miguel Pombeiro na empresa Ovação e Palmas e de actual gestor da praça do Campo Pequeno, numa grande entrevista que é hoje manchete do site espanhol mundotoro.com.
"Neste momento, tentar levar por diante a temporada em Lisboa é uma loucura. Com a subida do IVA, a redução do número de localidades e todos os gastos que isso implica. Nós não o fazemos por dinheiro, fazemo-lo por aficion, para que a aficion e os toiros não morram", afirma o cavaleiro-empresário.
E, questionado sobre como vê o futuro do Campo Pequeno, opina:
"Se no final decidirmos concorrer no próximo ano e continuarmos com a gestão da praça, teriam que mudar muitas coisas. No mundo do toiro há muitas mentalidades obsoletas, há que mudar muita coisa para bem da Festa, há que mobilizar o público e acabar com os anti-taurinos. Ou os políticos põem mão nisto, ou os toiros irão muito mal. Os políticos têm que ter a consciência de que a Tauromaquia é do povo, é cultura, não é um espectáculo de elites. É do povo".
O que faz a nova e empresa de Lisboa para atrair o público ao Campo Pequeno? - questiona o mundotoro.com. E Manuel Jorge responde:
"Está a apostar nas ganadarias de prestígio, bem apresentadas e com qualidade. Nas duas primeiras corridas o público aplaudiu a apresentação dos toiros de pé e o resultado foi bom. Vendeu-se quase todo o papel que estava à venda, faltaram umas 200, 300 entradas por vender. Vamos ver o que se passa no dia 27, se o resultado for parecido aos dois anteriores penso que estamos no bom caminho".
Sobre o facto de este ano não viram a Lisboa rejoneadores espanhóis, decisão essa já anunciada por Luis Miguel Pombeiro aquando da apresentação dos primeiros cartéis, explica Manuel Jorge de Oliveira:
"É muito complicado para nós, devido à covid, os lugares que podemos pôr à venda são apenas 3.600 e temos que suportar um IVA de 23%, pelo que nos é impossível fazer face aos honorários dos rejoneadores espanhóis, com muita pena nossa. O Ministério da Cultura aumentou o IVA para 23%, o que nos torna muito complicado organizar espectáculos".
E quanto à segunda parte da temporada lisboeta, adianta o empresário:
"Em consequência da pandemia, a concessão da praça foi-nos dada muito tarde, o que provocou que na primeira parte os três primeiros cartéis tivessem que ser feitos e anunciados muito rápido, procurando que se fizesse o melhor para Lisboa. Na segunda parte terão cabimento outros toureiros já contratados como António Telles, Ana Rita e Francisco Palha, toureiros que não estavam na primeira parte e estarão na segunda. Além desses, estamos em negociações com figuras como Rui Fernandes".
A abrir a grande entrevista a Manuel Jorge de Oliveira, o site mundotoro.com rende homenagem ao brilhante trabalho levado a cabo pela empresa Ovação e Palmas e escreve:
"É um momento complicado para a Tauromaquia em Portugal. Nunca as coisas grandes sucederam nos momentos fáceis. Lisboa converteu-se nas últimas semanas num exemplo de aposta e sacrifício, dando uma lição de civismo e demonstrando que com trabalho se podem celebrar corridas de toiros. E, além disso, dois espectáculos de um resultado extraordinário".
Leia a entrevista em mundotoro.com
Foto mundotoro.com