domingo, 22 de novembro de 2020

PPC, o velcro, "esta merda" e os (meus) "tomates"...

Miguel Alvarenga - Recebi ontem, do meu querido e muito antigo amigo Paulo Pessoa de Carvalho, empresário tauromáquico, que foi destacado forcado e foi também presidente da Federação PróToiro e da Associação de Empresários Tauromáquicos, esta pequena mensagem, que publico a seguir, através dessa coisa moderna que existe agora, e eu abomino, chamada WhatsApp (acho que é assim que se escreve).

Li (ontem) e achei graça. Coisas "à Paulinho". Hoje mandou-me outra mensagem: "Devias ter tido tomates para ter publicado esta merda!". Não tinha percebido que "esta merda" era para publicar, pensei tratar-se de mais um dos muitos desabafos que o Paulo tem às vezes comigo. E eu tenho outros com ele. Se publico é porque publiquei e era só um desabafo; se não publico, é porque não publiquei e "esta merda" era para publicar. Bolas! Então, publico:

"Boa tarde Miguel, como estás?

"À volta desta palhaçada sobre o tema “velcro”, arranjaste aqui conteúdo editorial “muito interessante” para alimentar o teu blogue.

 

"Tenho que te dizer que pelo menos, dá para eu próprio perceber onde estão as pessoas válidas e competentes para de forma séria e fundamentada, defender aquilo que os aficionados acreditam. Este tema para os anti-taurinos é como uma escada, cada degrau subido apenas tem um objectivo, chegar ao topo e acabar com a Festa!


"Por mim, não há degrau que aceite ser subido, subscrevo a 100% muito do que aqui foi escrito e mais uma vez tenho que reconhecer uma extraordinária lucidez e sentido de oportunidade, ao meu grande Amigo Joaquim grave! Corridas de toiros é como as conhecemos, evolução do espectáculo há muito a fazer, mas não através do velcro seguramente, nas isso ficará para outras 'lides'".


PPC


Publiquei. E, já agora, respondo.


Boa tarde, Paulo. Como estás? Eu estou bem, muito obrigado. Espero que tu também. Pelo menos sem covid, o que já não é mau.


Deixa-me só que te diga que não arranjei nenhum conteúdo editorial "muito interessante" para, como insinuas, "alimentar" o meu blogue. Felizmente, o meu blogue está muito bem alimentado, diariamente, há muitos anos e seja que conteúdo for, mais ou menos interessante (quase sempre mais que menos), são milhares os que o lêem todos os dias.


Não despoletei o tema do velcro. Dei, isso sim, palco a que aqui se manifestassem sobre o tema. Tanto aos que são a favor, como aos que são contra. O meu papel é esse. Sou jornalista, sabes disso...


O que sei - e quanto te digo que sei, é porque sei - é que o tema do velcro não é uma simples brincadeira igual a tantas mais. É um caso demasiado sério e que vamos ter que pegar de caras. E não ignorar. E não assobiar para o lado. E não fingir que não existe. E não continuar a dizer que é um "não caso". Há quem opine que falar deste tema é "dar o ouro ao bandido". Enganam-se profundamente. O "bandido" já lá tem o ouro todo - há muito tempo. Temos é que o combater. E é isso que poucos ainda entenderam.


Podia ainda lembrar-te (como o fiz no tal WhatsApp e tu reagiste com um "ai, ai, ai... voltamos ao mesmo?") que em Novembro de 2018 (há dois anos) estiveste tu no epicentro deste terramoto e foste tu quem arranjou "conteúdo editorial muito interessante" para alimentar uma enorme polémica, precisamente quando disseste ao jornal "Expresso" o que depois disseste que não tinhas dito e o jornalista que te abordou confirmou a seguir que tinhas dito isso mesmo...


Eras ao tempo presidente da Federação PróToiro e da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos quando disseste - mas depois disseste que não disseste e o jornalista garantiu que disseste - que "o velcro, para haver touradas sem sangue, pode ser uma solução se a tourada tiver que se adaptar a uma nova realidade". Lembras-te?


Já imagino que vais voltar a garantir que não disseste. Mas isso agora já não interessa. Passaram já dois anos. 


Grande abraço, Paulo!


Miguel Alvarenga


Foto Emílio de Jesus/Arquivo