Miguel Alvarenga - Depois de ontem, no Parlamento, o ministro Eduardo Cabrita ter anunciado, num discurso assanhado e excitadíssimo, que iria alargar o plano de vacinação a cidadãos com mais de... 80 mil anos (podem ouvir no pequeno video aqui publicado ontem à noite), pensei que esta manhã ia ver aqui pelas ruas centenas de australopitecos, alguns com mesmo mais de 2 mil anos, a caminho dos Centros Médicos... Acordei bem mais cedo que o habitual, agarrei na máquina e corri para a rua à procura de os apanhar...
Mas não. Vi dois ou três, alguns já na fila do Centro Médico (fotos de cima), mas não tantos como pensava acho que não estarão para aí muito virados e se estão mesmo nas tintas para a vacina, que pandemias já eles viveram imensas...
Enfim, este ministro diverte-nos. Oxalá por cá continue mais tempo, antes de o internarem definitivamente em Rilhafoles. Estas diversões e estas comédias ajudam-nos a passar este chatíssimo confinamento... Que se vai prolongar por mais um mês e meio, até ficarmos, como Sua Excelência, completamente passados da cabeça. O "Expresso" anuncia hoje em manchete que o Estado de Emergência pode mesmo durar até ao Verão. A temporada tauromáquica começa agora a ficar seriamente em causa.
As coisas não estão nada fáceis, antes pelo contrário. O povo leva o seu tempo a consciencializar-se, mas acredito que o discurso do Presidente Marcelo, ontem, talvez o mais lúcido, o mais sério e o mais relevante dos últimos cinco anos, terá finalmente feito as pessoas pensarem. Isto está grave, muito mais grave que em Março do ano passado.
Andei de manhã por aqui, fui comprar jornais. Menos carros e menos gente. Uma gaivota em terra, aqui mesmo diante da praça de toiros. Pombas em descanso. Idosos a ir às compras (ninguém vai por eles porquê?). Restaurantes e cafés de portas fechadas. Lisboa, enfim, mais deserta. Mais confinada.
O vírus anda por aí, agora desdobrado em diversas variantes, mais contagiosas, mais perigosas, dizem, se é que eles nos estão a dizer tudo. É necessário e urgente que tenhamos consciência. Fiquem em casa. Não brinquem com a morte.
Fotos D.R. e M. Alvarenga