Miguel Alvarenga - E pronto, amigos meus. A bem ou a mal, já cá canta a segunda dose da Tia Zeca! Era para a tomar a 17 de Agosto, mas como sabem foi encurtado o espaço para oito semanas de distância entre a primeira dose e a segunda, cumpri esse tempo na passada terça-feira e por isso ontem, eram quase seis da tarde, apresentei-me ao serviço no Pavilhão 3 da Cidade Universitária, em Lisboa.
Dirigiu-se a mim, à entrada, um amável militar, provavelmente Fuzileiro (não sei), dei-lhe conta de que já tinham passado as oito semanas e ele mandou-me entrar.
Estava lá dentro a preencher aquele formulário em que perguntam se tive reacções na primeira vacina, se tive covid e outras coisas, quando me aparece de novo o mesmo militar: "Eu bem me parecia que o conhecia! Sou grande aficionado e leio o 'Farpas Blogue' há muitos anos. Lembro-me bem daquele tempo em que o senhor ia aos fins-de-semana para o Linhó, lia isso tudo...".
- E eu tenho umas saudades desse tempo! Estava sempre a desejar que chegasse a sábado para ir preso e passar o fim-de-semana sem me chatearem com telefonemas, a ler e a descansar... - respondi-lhe. Ele riu-se e desejou-me felicidades: "Continue esse seu fantástico trabalho, leio-o sempre!".
E eu, estúpido, como estava meio nervoso - acontece sempre que tenho que lidar com agulhas e injecções... -, esqueci-me de tirar uma foto com ele, de lhe perguntar o nome. Mas como me disse que lia sempre o "Farpas", espero que o esteja a fazer agora e daqui lhe envio um forte abraço! Foi giro. Descomprimiu-me os nervos...
Depois preenchi o papel, entreguei-o, identifiquei-me e outro simpático militar - todos de camuflado, parecia que estávamos num quartel e em tempo de guerra (isto é uma guerra!) - encaminhou-me para uma cadeira que era verde e perguntou-me se eu era do Sporting. "Odeio futebol!", expliquei-lhe, o rapaz riu-se.
Sentei-me e nem dez minutos esperei. Uma rapariga novinha, também de camuflado, mandou-me entrar para um gabinete. "Pode sentar-se", perguntei-lhe se era Fuzileira, esclareceu-me que era enfermeira da Força Aérea, "ó Diabo, então ainda levanto vôo", ela perguntou-me se tinha tido alguma reacção na primeira vacina, respondi que não se tinha passado nada e avisei-a que tinha pavor de agulhas, que da outra vez a enfermeira (que não era militar) tinha sido tão eficaz que eu nem tinha sentido a agulha. "Vou tentar fazer igual", disse-me. E fez. Voltei a não sentir nada. Maravilha!
Passei por mais dois militares, deram-me um saquinho com uma água e um pacote de bolachas, oferta do presidente da Câmara que não gosta de touradas, mesmo assim obrigadinho ó Medina, e mandaram-me sentar noutra cadeira na zona do recobro onde se fica meia-hora.
Organização fantástica. Não estava, uma vez mais, o Vice-Almirante (esperava desta vez encontrá-lo...), mas o militar que por ali andava passou o tempo todo a perguntar a toda a gente se estávamos bem, se nos sentíamos bem, simpático e eficiente.
Passou a meia-hora e saí. Tinha de prevenção a Mariana, filha do meu querido amigo Jaime Amante, que é enfermeira em Santa Maria e estava noutro pavilhão de vacinação. Se precisasse de alguma coisa, era só ligar-lhe, mas não foi preciso nada. Obrigado, Mariana e Jaime!
Tomei um ben-uron e marchei a correr com a Fatucha (que esperou no mesmo jardim onde da outra vez esperara a minha filha), na Yellow Vespa, para a Cervejaria "Sem Palavras", em Alvalade, onde mamei logo uns percebes maravilhosos, um prego do lombo com alho e três cervejolas. Até encontrei o Manuel Gama, recordado forcado do Grupo de Santarém e eficiente director de corrida, que ali petiscava com os filhos. E logo a seguir passou outro amigo, o Francisco Macedo, outro grande forcado do Aposento da Chamusca e agora membro directivo da Associação de Grupos de Forcados.
Depois, passei uma noite fantástica, sem qualquer reacção. E aqui estou. Farto de tocar no braço, no sítio da pica, sem me doer nadinha. Ou sou eu que sou bravo ou há aqui qualquer coisa que não bate certo. Muitos amigos meus, alguns que foram grandes forcados, sentiram que tinham levado uma tareia a seguir à vacina, caíram à cama, passaram mal... A mim, pelos vistos e graças a Deus, não há mal que me entre no corpo!
E posto isto, eu que era tão renitente à vacinação, voltei agora a chegar à Lua, a dobrar o Cabo das Tormentas, a vencer mais uma batalha - e sinto-me outra vez um Herói!
Já sou maior e vacinado! Já posso ir à vontade às touradas (se houver alguma nos próximos tempos...). Já posso ir jantar com os meus primos todos! Já levei duas Tias Zecas. Viva o luxo!
Fotos D.R.