"Depois da doença súbita do empresário José Gonçalves, que não lhe permite estar disponível para honrar os seus compromissos, juntaram-se quatro pessoas que, em tempo recorde, seguiram para a frente com uma nova corrida de toiros que esperam ser do gosto do aficionado! O objectivo principal é manter a tradição, defender a Tauromaquia e que no próximo domingo seja um grande espectáculo! Para que todos possam estar presentes, existirão à venda nos locais habituais e nas bilheteiras da praça no dia da corrida, bilhetes desde 10 euros! Contamos com a união de todos em volta deste acontecimento!".
Este é o comunicado assinado por "4 aficionados em defesa da Festa" (sem especificar as respectivas identidades), referente ao volte-face verificado nas últimas 24 horas para assegurar a realização da tradicional Corrida da Pimel no próximo domingo, 26 de Junho, na praça de Alcácer do Sal, depois de o adjudicatário da praça, o empresário José Nuno Gonçalves (empresa Costume Genuíno) ter ficado incontactável e tudo levar a crer, como aconteceu sexta-feira em Vila Nova da Barquinha, que a corrida ficaria também cancelada, em virtude de, uma vez mais, não estarem cumpridos os requisitos necessários junto da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) para a devida legalização do espectáculo.
A alegada "doença súbita" do empresário Gonçalves não é, graças a Deus, nenhuma doença grave. É, apenas e só, ao que apurámos, uma forte depressão depois das ocorrências dos últimos dias que levaram ao cancelamento da corrida em Vila Nova da Barquinha - e por pouco não levavam também a que a cena se repetisse no próximo domingo em Alcácer do Sal. Não fosse a rápida intervenção dos "4 Magníficos"!
Os "4 aficionados em defesa da Festa" que assinam o comunicado e que em tempo recorde deitaram mãos à obra para assegurar a corrida de Alcácer, tratando no dia de ontem da necessária legalização do espectáculo perante a IGAC e dos demais compromissos que José Gonçalves "se viu impossibilitado de honrar" são: o cavaleiro João Salgueiro (a quem Gonçalves passou uma procuração, permitindo desta feita que a corrida continue a ser dada em nome da empresa Costume Genuíno, que, para todos os efeitos, foi quem assinou o contrato de adjudicação da praça com a Santa Casa); o empresário António Nunes (apoderado do rejoneador Andrés Romero), que foi apanhado na Ilha Terceira no meio desta tempestade e depressa se disponibilizou para ajudar a encontrar uma solução que não passasse pelo cancelamento da corrida; o ganadeiro Manuel João Carreira (co-proprietário, com seu irmão Agostinho Carreira, da ganadaria Mata-o-Demo), amigo de Salgueiro há muitos anos e que também se predispôs de imediato a apoiar uma nova solução para que a tradicional corrida não deixasse de se realizar; e o empresário Luis Miguel Pombeiro, a quem Salgueiro pediu que, pela sua experiência no assunto, tratasse da legalização da corrida junto da IGAC, realizando durante o dia de ontem, e em tempo recorde, as necessárias diligências para que tudo ficasse devidamente legalizado para a corrida ir para a frente.
A "nova corrida de toiros", como eles próprios referem no comunicado, sofreu duas alterações em relação ao cartaz anterior que fora divulgado pelo empresário José Gonçalves: saíu o cabeça de cartaz, que era o cavaleiro Marco José (apoderado por Gonçalves) e entrou o rejoneador espanhol Andrés Romero (que é apoderado por António Nunes); e vão ser lidados toiros da ganadaria Mata-o-Demo, e não da de Fernandes de Castro, referidos no elenco anterior e que ontem mesmo emitiu um comunicado a lamentar que os novos organizadores "não tenham assumido os compromissos" do anterior organizador. Que, para todos os efeitos, é o mesmo: a empresa Costume Genuíno.
Os "4 aficionados em defesa da Festa" esclareceram ao "Farpas" o seguinte:
1º - O cartel anteriormente divulgado nas redes sociais, com grafismo produzido pela equipa do site "Tauronews" (como, aliás, o novo), diz respeito a um cartel que foi anunciado, mas cuja corrida não estava legalizada junto da IGAC. Ou seja, era uma "corrida fantasma".
2º - O empresário José Gonçalves nunca falou ou contratou directamente com o ganadeiro ou o representante da ganadaria Fernandes de Castro, mas sim com Florindo Ramalho, que foi quem negociou os toiros com a empresa.
3º - O cavaleiro Marco José fazia parte do primeiro elenco do empresário e seu apoderado José Gonçalves. A "nova corrida", segundo os novos organizadores - com procuração de Gonçalves - não tem "um outro cartel" nem foram feitas substituições. Apenas e só se organizou, na realidade, uma corrida nova, esta, sim, devidamente legalizada. Não existe da parte dos quatro novos organizadores qualquer animosidade em relação ao cavaleiro Marco José. Houve, apenas e só, a elaboração de um elenco para uma nova corrida em que foi decidido incluir, pelos triunfos que tem obtido entre nós e pelo cartel de que goza há dois anos junto do público português, o rejoneador Andrés Romero.
4º - Quanto aos toiros, foi pura e simplesmente decidido contratar a ganadaria Mata-o-Demo, sem que isso signifique qualquer desprimor pela que estava anunciada no primeiro elenco, elenco esse de uma corrida que, repetem os novos organizadores, nunca esteve legalizada e, por isso, nunca existiu. E com a qual os novos organizadores nada tinham a ver. Recordamos que estes toiros da ganadaria Mata-o-Demo eram precisamente os que estavam escolhidos para a corrida de sexta-feira passada em Vila Nova da Barquinha, que não se chegou a efectuar.
5º - Em relação ao elenco anteriormente delineado pelo empresário Gonçalves, decidiram os novos organizadores manter as presenças dos cavaleiros Marcos Bastinhas e João Salgueiro da Costa, a que agora se junta Romero, bem como as dos grupos de forcados de Montemor e de Lisboa.
Em baixo, o cartaz definitivo da corrida do próximo domingo em Alcácer do Sal - uma corrida tradicional no calendário taurino nacional, em boa hora salvaguardada pela intervenção em tempo recorde destes "4 aficionados em defesa da Festa". Bem hajam!
Fotos D.R. e M. Alvarenga



