domingo, 16 de outubro de 2022

"Fotógrafos taurinos" faltaram ao respeito a Júlio André

Miguel Alvarenga - Tal como há pouquíssimos anos, com a história das fotos de colhidas, os (auto-denominados) fotógrafos taurinos deram ontem na Moita mais um péssimo exemplo da sua escassez de profissionalismo.

Sou do tempo em que havia repórteres fotográficos a sério nas praças de toiros (ainda sobrevivem alguns, mas poucos). Hoje vive-se o tempo em que, nas trincheiras, a esmagadora maioria daqueles que usam uma câmara fotográfica (como quem usa uma metralhadora, disparando dezenas de vezes em cada momento, o que permite ter sempre duas ou três fotos belíssimas...) o fazem única e simplesmente para depois as publicarem em sites não noticiosos que são apenas mostruários para venda de fotos, como acontece nos casamentos.

Ser jornalista é uma coisa muito diferente.

Júlio André é um Toureiro respeitado, um Homem que vive um momento difícil com a doença que lhe bateu à porta - e ontem na Moita, os (auto-denominados) fotógrafos taurinos não o respeitaram minimamente. Impunha-se que tivesse havido uma ampla cobertura do festival em sua homenagem. Fê-lo apenas o site touroeouro.com. Porque são profissionais e, por mais que muitas vezes não esteja de acordo com muitas das suas posições, a realidade é que tenho de lhes tirar o meu chapéu e aplaudi-los pelo exemplo de profissionalismo que ontem uma vez mais, souberam dar, marcando claramente a diferença.

Os (auto-denominados) fotógrafos taurinos meteram as violas no saco e amuaram porque a IGAC não lhes facultou senhas para se mostrarem na trincheira.

Era isso razão para terem feito a greve que fizeram e terem privado os aficionados de ver as imagens do festival, tratando-se sobretudo de um festival de homenagem (e a favor) de um Toureiro como Júlio André?

Tive a maior pena de não poder estar presente. Pelo Júlio André e pelo respeito que todos lhe devemos (a quem expliquei dois dias antes, quando o entrevistei, as razões pessoais que me impediam de estar a seu lado no sábado), mas, acima de tudo, porque teria feito a reportagem completa do festival e ela estaria hoje aqui publicada.

Tinha pedido ao meu bom amigo Fernando Clemente se me fazia a reportagem fotográfica do festival e ele, com a disponibilidade de sempre, garantiu que a faria, disse até, na brincadeira, que "era uma ordem" e que a iria cumprir. Depois...

Ontem à noite, enviou-me uma foto (esta que publico aqui em baixo, do Júlio André com o Pedro Brito de Sousa e o "Cuqui"), acompanhada desta mensagem:

"Boas noites amigo Alvarenga, conforme o seu pedido eu iria enviar uma reportagem da homenagens ao Amigo Júlio André, mas por motivo que o meu amigo sabe só envio esta. Tenho muita pena pois o Julio é meu amigo há mais de 30 anos. Espero que compreenda. As minhas desculpas".

Claro que compreendo. E claro que desculpo. O Fernando é um homem. educado, com princípios. E afinou pelo mesmo diapasão dos companheiros. Não é jornalista, como a maioria não são. Tira fotografias (e boas).

João Dinis, do touroeouro.com, marcou a diferença, como a marcara na história das fotos das colhidas. Aprendeu alguma coisa comigo, orgulho-me disso. Tem espírito jornalístico, é jornalista. E deixou bem claro que os "fotógrafos taurinos" não precisam de estar na trincheira para fazer grandes fotos. O touroeouro.com foi o único site (porque é um site informativo e não apenas um mostruário de retratos) que publicou uma reportagem completa do festival da Moita. Mais relevante ainda: foi o único site que publicou uma foto da colhida e da cornada sofridas pelo bandarilheiro Nuno Silva "Rubio" (em baixo).

Até nisso, faltou profissionalismo a todos. Não é vulgar, graças a Deus, um toureiro levar uma cornada em Portugal. O que ontem, infelizmente, aconteceu ao Nuno (que está melhor, a recuperar bem e não tarda terá alta hospitalar), não é notícia? Ignora-se porque não houve senhas para a trincheira? Que vergonha.

É pena, realmente. Mas hoje em dia há muitos poucos profissionais a fotografar nas touradas. Ser jornalista é uma coisa. Ser "bate-chapas" é outra. Não tem uma coisa a ver com a outra. E ontem isso ficou bem demonstrado, uma vez mais.

Como também ficou demonstrado, dado toda a razão à IGAC, que não é preciso estar na trincheira para captar imagens e fazer reportagens.

Parabéns, João Dinis, pelo teu profissionalismo.

Fotos M. Alvarenga, Fernando Clemente e João Dinis/touroeouro.com

A única foto do amigo Clemente...
João Dinis e Solange Pinto ontem na bancada, na Moita.
"Touro e Ouro" (em baixo) demonstrou profissionalismo e
marcou a diferença

Não é vulgar, graças a Deus, um toureiro sofrer uma cornada
em arenas nacionais, como ontem sofreu Nuno "Rubio". Os
"profissionais" da fotografia ignoraram o acidente, só o "Touro
e Ouro" publicou imagem do sucedido. Que falta de senso e
de profissionalismo dos "fotógrafos taurinos"...