Miguel Alvarenga - "A guerra está perdida" - era a manchete do jornal "República" há exactamente 50 anos, meio século, 22 de Fevereiro de 1974, dia em que foi posto à venda na livraria do centro comercial "Apollo 70" (frente ao Campo Pequeno) o livro "Portugal e o Futuro", do General António de Spínola, que muitos consideram ter causado, ou pelo menos apressado, a revolução que pôs fim ao Estado Novo.
O livro foi um sucesso, num só dia venderam-se 50 mil exemplares. Valdemar Paralela de Abreu (comigo na foto de cima, no funeral do Almirante Henrique Tenreiro) foi o corajoso editor da obra - impressa ao mesmo tempo em várias tipografias para despistar a PIDE e fazer frente a uma eventual apreensão.
Mas tanto o autor como e editor depressa passaram de bestiais a bestas. Um ano depois do 25 de Abril, o General Spínola estava exilado no Brasil, depois da fuga para Espanha no 11 de Março (1975) e criava no exílio o Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP).
Paradela de Abreu, que em tempo recorde se tornara o "editor maldito", dando à estampa através da Editorial Intervenção livros de Vera Lagoa, Jorge Jardim, Alpoim Calvão e Franco Nogueira, entre outros, também passara rapidamente a besta e era apelidado de "fascista". No Norte do país, criou o Movimento Maria da Fonte, organização anti-comunista que ajudou a combater a tentativa de sovietização do país.
Mais tarde, Paralela de Abreu tornava-se colunista semanal do meu jornal "O Título".
Fotos D.R.
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1991, Jardim do Príncipe Real, Lisboa. Miguel Alvarenga, então Director do semanário "O Título", com Manuel Macedo (que foi arguido no processo da Rede Bombista) e Valdemar Paradela de Abreu |