terça-feira, 26 de agosto de 2025

Os Momentos de Oiro da Novilhada da "Orelha de Oiro" na Nazaré


Rui Bento e seu filho Rui Pedro (atrás, à direita) com João Queiroz
e José Manuel Rainha (Escola "José Falcão)

Fernando José (texto e fotos) - João Fernandes, brioso aluno da tão produtiva Escola de Toureio "José Falcão" de Vila Franca, demonstrou, na realidade, algum avanço em relação aos companheiros que consigo disputaram no domingo, na Nazaré, o prestigiado troféu "Orelha de Oiro", levando consigo esse galardão - mas a verdade é que todos o mereciam. E não só os quatro novilheiros que ali o disputavam. Mereciam-no os cavaleiros, os forcados, o Simão Neves (pelo magnífico curro de novilhos de Conde de Murça que ali se dignou apresentar); merecia-o também o Rui Bento, que se está a destacar a léguas dos demais e é, sem margem para dúvidas, o grande empresário desta temporada, tendo elevado a carismática praça do Sítio da Nazaré ao primeiro lugar no pódium das praças de toiros nacionais. Esta é a verdade - doa a quem doer!

A novilhada da "Orelha de Oiro", uma criação e promoção da revista "Novo Burladero" de João Queiroz, realizou-se pela primeira vez a 29 de Setembro de 1984 na praça de Alcochete, há 41 anos. Actuaram seis promissores novilheiros da época: Paco Duarte, Rui Bento Vásquez, Manuel Valente (o célebre "Espontâneo do Zip-Zip"), Pedro dos Santos, José Luis Gonçalves e Eduardo Oliveira

O vencedor foi Rui Bento, agora empresário de postín e que no ano passado, juntamente com João Queiroz, retomou na praça da Nazaré a realização desta novilhada, depois de não se haver efectuado ao longo de praticamente vinte anos. A deste domingo foi a 14ª edição e a segunda desta segunda e renovada etapa.

A Rui Bento temos que lhe tirar o chapéu. Pela brilhante e sempre tão cuidada organização das suas promoções. Pela eficiência da equipa de que se rodeou, na qual há que louvar o vedor de toiros Diogo Malafaia pela seriedade e pela importância dos toiros que até aqui se têm lidado na arena da Nazaré e agora pelos novilhos que sairam na novilhada de domingo.

Há que dizer que os quatro novilheiros estiveram, todos eles, com ganas e com raça de triunfar e trazer para casa o prestigiado troféu "Orelha de Oiro". Empenharam-se, ousaram, arriscaram e arrimaram-se, desenhando qualquer um deles faenas de muita arte e alto calibre. 

Muito bem esteve António Gaião Grilo, que se anuncia por "Toninho" (recebeu o novilho de joelhos em terra, com uma "larga afarolada" de parar os corações!); poderoso e dominador andou Vicente Sanchez, que fora no ano anterior o vencedor deste troféu; e uns furos acima esteve, na verdade, o triunfador João Fernandes. Foi justa a atribuição do prémio ao jovem toureiro da Escola de Vila Franca, mas todos os candidatos deram provas de também o merecer.

João Mexia, de muletas e ainda não recuperado de uma lesão num pé sofrida por recente colhida em Espanha, não pôde este ano participar na novilhada. Esteve na trincheira a assistir e o promissor Eduardo "Chibanga", novilheiro praticante (não toureou de luces) da Escola da Moita, que o substituiu, brindou-lhe a faena. Demonstrou o novo "Chibanga" intuição e valor, pode ir longe.

Bons tércios de bandarilhas executados pelos toureiros de prata que coadjuvaram as lides dos jovens novilheiros.

Tourearam a cavalo os cavaleiros praticantes Luis Pimenta e Vasco Veiga. O primeiro, irmão da cavaleira Mara Pimenta, teve um início de lide irregular com a cravagem pouco certeira dos dois primeiros ferros compridos, mas depois emendou-se e a sua actuação foi em ritmo crescente, terminando bem.

Vasco Veiga, filho do ganadeiro Manuel Veiga, que na véspera à noite se estreara de casaca na Figueira da Foz, exibiu-se com aprumo e raça, deixando emotivos ferros e aproveitando as boas qualidades do novilho. É um jovem que continua a chamar as atenções.

Pegaram os forcados Amadores de Vila Franca, por intermédio de Gonçalo Ribeiro (à primeira tentativa) e Afonso Carvalho (à segunda, na primeira foi sacudido).

Nota alta, como já antes referimos, para o excelente jogo dos novilhos da ganadaria Conde de Murça, recuperada (e de novo em alta) por Simão Neves, que já em corrida anterior apresentara um importante curro de toiros. Merecem estes toiros regressar em 2026.

Iniciada com um minuto de silêncio em memória do desditoso forcado Manuel Trindade, do Grupo de São Manços, morto por um toiro na sexta-feira no Campo Pequeno, a corrida foi bem dirigida pelo delegado técnico José Costa, assessorado pelo médicos veterinário José Luis da Cruz.



Raça e valor: António Gaião Grilo "Toninho"



Entrega e arte: Vicente Sanchez




João Fernandes marcou a diferença e ganhou o troféu






Eduardo, o novo "Chibanga", promete dar muito que falar!




Extraordinários os bandarilheiros nos tércios de bandarilhas


Luis Pimenta: lide em crescendo, depois de início irregular


A primeira pega, por Gonçalo Ribeiro, à primeira, brindada aos
céus, à memória do Forcado que morreu em Lisboa


Actuação desenvolta do promissor Vasco Veiga




Afonso Carvalho na segunda pega, ao segundo intento