Há 35 anos, a revista "Manchete" e a TV Glono deslocaram equipas a Portugal para cobrir o acontecimento |
Numa outra corrida, com Manuel Moreno e o saudoso crítico taurino Quito Fernandes |
No verso do programa, uma foto da vigília de Guarany à porta do Campo Pequeno |
Foi há 35 anos... |
Fernando Guarany há poucos anos em Lisboa, numa recepção na Embaixada do Brasil com o então presidente da República Lula da Silva |
Passaram ontem, 29 de Maio, exactamente 35 anos sobre a histórica tarde em que o diestro brasileiro Fernando Guarany esgotou a lotação da praça de toiros do Campo Pequeno para ali se apresentar, depois de ter estado dezoito dias e dezoito noites no portão principal da Monumental (inicialmente dentro de um caixão, garantindo que só dali saía "em triunfo ou morto") a pedir essa oportunidade.
Ontem mesmo, em dia tão especial, Fernando Guarany jantou com a equipa "Farpas" para comemorar essa efeméride. Impossibilitado de estar presente, Paco Duarte - que nessa tarde foi o "rival" do toureiro brasileiro num recordado mano-a-mano - prometeu para breve um jantar-reencontro com Guarany.
Lidaram-se nessa tarde sete toiros da ganadaria de Vicente Caldeira e a cavalo tourearam o saudoso Gustavo Zenkl e José Zuquete. Pegaram os Amadores da Azambuja, então chefiados pelo famoso forcado Francisco Vassalo.
As barreiras de sombra custavam 200 escudos (um euro...), uma contra-barreira valia 180 escudos e por apenas 60 escudos (30 cêntimos...) podia-se assistir ao espectáculo nas galerias do Campo Pequeno. Os jovens até aos 17 anos tinham direito a entrar por 40 escudos (20 cêntimos...).
Fernando Guarany cobrou 1.500 contos, "uma fortuna para a época", recorda o diestro brasileiro, que se pode gabar de ter sido, em 120 anos de história da praça de toiros lisboeta (que este ano se assinalam) um dos toureiros que logrou esgotar a lotação do tauródromo.
"As coisas correram bem e a partir daí ganhei muitos mais contratos, cheguei mesmo a tourear mais vezes no Campo Pequeno", lembra Guarany.
Para entrar em praça, exigiu que fosse hasteada a bandeira brasileira ao lado da portuguesa. E porque a empresa de então não permitiria a entrada no sorteio do seu amigo (matador de toiros e empresário) Fernando dos Santos, Guarany exigiu também que fosse lhe fosse atribuída uma senha para a trincheira. "Sem isso e sem a bandeira, recusava-me a actuar", recorda. A empresa fez-lhe as vontades. "Não tiveram outro remédio...", diz o toureiro.
Manuel Lopes, António Gregório e Martins Batata (os dois últimos, já falecidos) compunham a quadrilha de bandarilheiros de Fernando Guarany. O moço de espadas era o histórico Vidal Patrício, que desempenhava idênticas funções na quadrilha do famoso matador espanhol Paco Camino sempre que esta actuava em Portugal. António Silva era o apoderado. O sucesso da corrida foi a seguir comemorado num jantar no velho restaurante do Cinema "Monumental", ao Saldanha. "Reservei a sala e convidei os meus amigos", lembra Fernando Guarany. Na tarde de 29 de Maio de 1977, do Brasil vieram equipas de reportagem da revista "Manchete" e da TV Globo.
Fotos D.R.