Remate com o "Pirata". Pablo no seu melhor |
Pablo com o "Van Gogh" |
Triunfo importante de Moura Caetano ontem em Badajoz |
Miguel Alvarenga - Grande ambiente,
muitos portugueses na praça e apesar de algum calor, nada que se comparasse aos
dias quentes "de loucura" que costumam marcar a Feira de Badajoz. A
Feira de San Juan abriu ontem com a corrida de rejoneio e o primeiro grande triunfador
do ciclo foi Pablo Hermoso de Mendoza, que cortou duas merecidas orelhas no seu
segundo toiro e saíu em ombros. "O que manda... manda", como Santiago
Román escreveu no site "mundotoro.com" - e foi mesmo isso que
aconteceu.
Tarde de triunfo, também, para o português
João Moura Caetano, merecedor de "suada" orelha no terceiro toiro da
tarde - Portugal a vencer Espanha por 1 a 0 ao "intervalo" - e autor
de importante faena no último, um mansarrão perdido que cedo procurou refúgio
nas tábuas. Caetano protagonizou uma "brava" faena a um toiro manso.
Diego Ventura esteve ontem uns pontos
abaixo do seu melhor. Mas "por morrer uma andorinha" nunca acabou a
Primavera. E a Primavera de Ventura está para dar e durar.
A desilusão maior foram mesmo os toiros
de Luis Terrón. Demasiado "nhoc-nhoques", de apresentação aceitável,
mas sem transmitir nada. Antes pelo contrário. O primeiro, para Pablo, era
demasiado distraído. O sexto, que coube a Caetano foi, por exagerada mansidão,
verdadeiramente impróprio para consumo. Os restantes deixaram-se tourear...
como se fossem "tourinhas". Faltou emoção, faltaram "ais" e
"uis" nas bancadas. Enfim...
A Monumental de Badajoz registou uma
excelente entrada: mais de meia casa, com a sombra muito bem preenchida e o sol
com clareiras grandes.
Pablo Hermoso de Mendoza, trajado à
forma antiga (fato goyesco), esteve acertado no toiro que abriu praça, mas a
faena resultou morna e sonsa, por falta de colaboração do toiro. "No pasó
nada", matou mal e no fim foi silenciado.
No segundo e depois de Moura Caetano ter
cortado anteriormente a primeira orelha da tarde, Hermoso "jogou-as
todas" para assegurar, como conseguiu, a saída em ombros. Esteve brilhante
em todos os lances, fantástico em todos os ferros, enorme em todos os recortes.
Faena variada e de nível muito alto. Inteiramente merecedor das duas orelhas.
Diego Ventura (foto ao lado) não esteve ontem nos seus
dias. Mais vibrante a primeira lide, apenas mal rematada com o rojão de morte e
por isso silenciada. A segunda teve altos e baixos, falhou dois pares de bandarilhas,
mas matou de certeiro rojão. Cortou uma orelha.
João Moura Caetano apresentava-se pela
primeira vez em Badajoz. E saíu de cabeça erguida, por pouco ia também em
ombros (e merecia). Confirmou - e isso foi o mais importante - o bom momento
que atravessa. Não só no que respeita a "ferramentas" (cavalos), mas
principalmente no que respeita a si próprio. Está um toureiro rodado e maduro,
experiente e seguro.
A primeira actuação foi perfeita,
tranquila, tudo bem feito, tudo bem rematado, com sobriedade, sem espalhafato.
Matou de certeiro rojão e teve direito a merecida orelha - a primeira da tarde.
Orgulho português. Ou só temos orgulho nos futebolistas?...
A segunda faena, frente a um toiro
perdido de manso, "sem um passe", revelou um toureiro superior e que
venceu com a "bravura" da sua arte a mansidão confrangedora de um
oponente que cedo fugiu para as tábuas. Sem recorrer aos bandarilheiros, foi
ele próprio, sózinho, com os seus cavalos, quem sacou o toiro e o colocou,
empolgando em ferros que fizeram "explodir" vibrantes aplausos.
Por fim e apesar de todas as tentativas
de Diogo Fera e Pedro Paulino para tirar o toiro de tábuas, entrou decidido a
matar em sorte sesgada. O toiro demorou a cair e João teve que se apear e usar
o "descabelho". Uma lide tão "brava" merecia uma segunda
orelha. Valeu o reconhecimento do público, que o despediu com grande ovação.
Nem sempre as orelhas fazem ou justificam os triunfos. E Moura Caetano triunfou
ontem em Badajoz - um triunfo incontestável. Verdadeiro.
Fotos Juan Andrés Hermoso de Mendoza/www.pablohermoso.net, Hugo Teixeira/diariotaurino.blogspot.com e Carlos Nuñez/Toromedia/@diego ventura