A corrida de toiros que se devia ter
realizado no sábado, em Lousada, vai acabar em tribunal, com o empresário
ligado à organização e o representante de um dos toureiros a anunciarem
processos entre si.
O empresário João Oliveira (foto da esquerda) disse
hoje à Lusa que vai interpor uma queixa-crime contra Ricardo Levesinho (foto da direita), o
representante do cavaleiro Pedro Salvador, por alegado "roubo" de
1.000 euros. Ricardo Levesinho, também em declarações à Lusa, acusou João
Oliveira de "ofender o bom nome das pessoas", garantindo que
"esse senhor vai ter de responder no sítio próprio".
A corrida de toiros estava marcada para
sábado, em Lousada, organizada pela Associação de Produtores Melão Casca de
Carvalho e Produtos Hortícolas do Vale do Sousa, apresentando-se João Oliveira como intermediário.
Além de Pedro Salvador, estavam
previstas as actuações dos cavaleiros Alberto Conde e Verónica Cabaço e dos
grupos de forcados da Moita e de Arronches.
O espectáculo acabou por não se
realizar, apesar de algumas centenas de pessoas terem comprado os seus
bilhetes.
Quando a decisão de cancelamento da
corrida foi anunciada aos populares, estes protestaram e tentaram entrar na
praça que tinha sido montada num terreno próximo da escola secundária da vila.
Na altura, foi necessária a intervenção de militares da GNR.
João Oliveira disse hoje à Lusa que a
responsabilidade pelo cancelamento da corrida tem de ser imputada a Ricardo
Levesinho.
O empresário ligado à organização
garantiu que, a meio da tarde de sábado, quando a venda de bilhetes estava
suspensa por ordem da direcção da corrida, numa reunião realizada com todos,
foi acordado pagar, com o dinheiro das bilheteiras, parte do cachet aos
representantes de cada um dos três toureiros que estavam no cartaz, na condição
desses actuarem. O restante cachet seria pago durante a corrida.
"Todos estiveram de acordo e
reabriram as bilheteiras", contou, garantindo haver 10 testemunhas,
incluindo o director da corrida.
Contudo, acrescenta João Oliveira, o
representante de Pedro Salvador, ao qual tinha sido entregue uma verba de 1.000
euros, "acabou por não cumprir e mandou carregar os cavalos".
Esse comportamento, observou,
"acabou por influenciar" os cavaleiros Alberto Conde e Verónica
Cabaço a não actuarem, apesar daqueles terem recebido 1.000 e 600 euros,
respectivamente.
Por isso, disse, houve necessidade de
anunciar o cancelamento da corrida e proceder, com o que restava das verbas da
bilheteira, a mais alguns pagamentos a outros intervenientes, incluindo o grupo
de Forcados da Moita.
"Eu não trouxe um cêntimo das
bilheteiras", garantiu.
João Oliveira disse também ter sentido a
sua vida e a do seu filho, de 12 anos, em risco naquela tarde, quando os
espectadores tentaram invadir a praça.
Ricardo Levesinho esclareceu hoje que a
decisão de não actuar foi tomada em conjunto com os dois colegas.
"Entenderam os toureiros que não
estavam reunidas as condições mínimas", afirmou, acrescentando:
"Os valores residuais das despesas
que os toureiros receberam foram distribuídos com outros dos intervenientes de
forma a reduzir os custos implicados".
O apoderado (representante) de Pedro
Salvador disse que João Oliveira não pagou o total do cachet antes da
realização da corrida, contrariando o que contratualizara com os cavaleiros.
Disse também que, após o recebimento do
adiantamento, o valor sobrante nas bilheteiras não era suficiente para garantir
a realização do espectáculo.
"Foi um processo de muita mentira e
falsidade, que levou ao descrédito dos organizadores", disse.
No sábado à noite, José Magalhães,
presidente da Associação de Produtores Melão Casca de Carvalho e Produtos
Hortícolas do Vale do Sousa, entidade co-organizadora do evento, disse à Lusa
que as causas para o cancelamento deveriam ser perguntadas ao empresário João
Oliveira.
"Foi ele que fez os contratos com
os toureiros e que pediu todas as licenças. Não sabemos os que se passou em
concreto", afirmou, lamentando o sucedido.
- Lusa/Sol
Fotos D.R.