Bronca esta tarde em Lousada (Porto), para onde se anunciava (há vários meses) uma tourada integrada nas festas em honra do Senhor dos Aflitos - mas aflitos ficaram os muitos espectadores que tinham adquirido o seu bilhete e não reaveram o dinheiro, apesar de a corrida de toiros não se ter realizado. Mau para a Festa, sobretudo num momento em que a arte tauromáquica se começa a expandir, com êxito notável, a Norte. Protestada há vários dias por associações anti-taurinas (foto), a tourada de Lousada acabou mesmo por não se efectuar, mas não por acção destes grupos... o que é ainda mais laentável.
João Paulo Oliveira era, alegadamente, o organizador do festejo. E aqui importa questionar a Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), sempre tão "atenta" a coisas de menor importância e que, depois, permite que se registem casos lamentáveis como o de hoje em Lousada. Pode "qualquer um", sem estar habilitado para tal, ser organizador de uma corrida de toiros? E os toureiros, forcados, ganadeiros e demais intervenientes, não se acautelam, deixam-se contratar "por quem quer que seja", sujeitando-se depois a casos como este? Haja ordem, senhores!
João Oliveira estivera já ligado, há poucos anos, trazido para a Festa pela mão de um jovem e conhecido empresário e apoderado, à organização de outros festejos que também "deram raia". O dito organizador do festejo de Lousada acusou os toureiros "de terem recebido o dinheiro e se terem recusado a actuar". Um dos cavaleiros anunciados, Pedro Salvador, explicou já na rua ao público que não fora isso que se passara, que os intervenientes se recusaram a tourear por "incumprimento" do organizador, que se comprometera a pagar os honorários "antes da corrida" e o não fez. Recebeu uma ovação do público.
Pedro Pinto, apoderado da cavaleira praticante Verónica Cabaço, disse ao "Farpas" que "a corrida não se deu por incumprimento do organizador, que ficou de pagar os cachet's à hora do sorteio, depois era uma hora depois, depois era mais tarde e chegou-se à hora da corrida e nada". Pinto confirmou, contudo, ao "Farpas", que a sua cavaleira "recebeu cerca de trezentos euros", o que "não dá nem para as despesas".
Estavam anunciados toiros da centenária ganadaria Palha, mas os toiros que estavam na praça eram de Francisco Luis Caldeira, o que muitos atribuem, também, "à falta de cumprimento" do organizador para com a ganadaria da Herdade da Adema, que "não terá deixado embarcar os toiros".
Agostinho Silva, cavaleiro tauromáquico e proprietário da praça portátil que estava montada em Lousada, também não terá recebido o estipulado com o organizador, tendo mesmo "recusado a fornecer a rampa dos curros" enquanto o dinheiro não aparecesse.
À hora do espectáculo e com as portas da praça fechada, o público revoltou-se e os ânimos só acalmaram graças ao Corpo de Intervenção da GNR. O organizador da corrida, alguns familiares, entre os quais um filho menor e outros membros alegadamente ligados à promoção da tourada, estiveram cerca de dias horas "fechados no interior da desmontável", só saindo graças à protecção das forças policiais.
Enfim, uma cena nada edificante, que até já teve "honras televisivas" e que em nada, mesmo nada, prestigia a Festa de Toiros. Altamente lamentável.
Certamente que agora surgirão comunicados, versões distintas e se levará "roupa suja". Mas o mal está feito. E em Lousada, esta tarde, a Tauromaquia não saíu minimamente dignificada.
Foto D.R.