Imagens que dispensam comentários e falam da noite de glória que ontem sagrou Rui Fernandes, sem margem para quaisquer dúvidas, como o grande e abosluto triunfador desta temporada! |
Miguel Alvarenga - Nem mais, nem menos: depois de ao longo do ano ter marcado a diferença em todas as praças por onde passou, depois dos consecutivos e apoteóticos triunfos que vem somando em arenas de França e de Espanha, Rui Fernandes sagrou-se ontem no Campo Pequeno e nem é preciso esperar por mais corridas que o campeonato não vai ser alterado, o grande e absoluto triunfador da temporada e um dos cavaleiros mais importantes da actualidade em todo o mundo taurino.
Foram duas lides soberbas onde sobressaiu a consistência, a solidez, a maturidade e sobretudo a tranquilidade e a força do seu toureio, do seu estatuto de primeiríssima figura. Melhor era impossível.
Não vale a pena descrever as duas actuações de Rui Fernandes. Viu quem viu, quem não viu vai ter pena. Poderio, decisão, maestria e arte, muita arte, chegam e sobram para as classificar.
Rui Fernandes é um lutador. Nasceu para vencer. Impôs-se contra ventos e marés. Chegou ao topo. É hoje o número-um e já ninguém tem dúvidas disso. Ferros de muita emoção e verdade, brega exemplar e, a terminar, um par de bandarilhas fantástico, sorte que raramente executa em Portugal, mas que merecia repetir mais vezes.
Com apenas cerca de metade das bancadas preenchida (Agosto, mês de férias, o pessoal a banhos nos Algarves e noutras paragens...), a corrida de ontem em Lisboa, antepenúltima da temporada, foi ainda marcada pelo triunfo dos três grupos de forcados que disputavam um concurso de pegas. Já vamos aqui mostrar, ao longo do dia, as pegas uma a uma. Ricardo Castilho, dos Amadores de Beja, foi o justo vencedor, apesar de ter executado a pega ao terceiro intento, mas com a inigualável resistência e um par de braços de ferro, aguentando tudo e mais alguma coisa. O júri era composto pelos antigos forcados Simão Comenda, José Luis Gomes e António Manuel Barata Gomes e ninguém protestou pela acertadíssima e muito justa decisão. Registo ainda para as grandes pegas executadas pelos dois outros grupos, o Aposento do Barrete Verde de Alcochete e o de S. Manços.
Pelo Aposento do Barrete Verde pegaram Bruno Amaro (à primeira) e o novo cabo Marcelo Loia (à segunda), que brindou a António Manuel Barata Gomes e João Simões. Por S. Manços foram caras Nuno Leão (à primeira) e João Fortunato (à segunda), este numa pega também enorme e que à partida estava desde logo candidata ao prémio. Por Beja, pegaram Guilherme Santos (à primeira) e o triunfador Ricardo Castilho (à terceira), num pegão "do outro mundo", pela firmeza com que aguentou derrotes e mais derrotes (para baixo e para cima) nas três intervenções, sózinho na cara do toiro, sem desarmar.
Os toiros de Manuel Veiga, de apresentação mais que suficiente, encastados e duros, mas sem transmitir grande emoção, deixaram-se tourear, como é costume dizer-se, mas sem empolgar. Mesmo assim, não desiludiram.
O Maestro João Moura, cumpridor apenas no primeiro da noite, encastou-se no seu segundo e esteve à altura dos seus pregaminhos numa lide "à sua maneira". Francisco Palha destacou-se num grande ferro e nos ousados "ladeios" no terceiro toiro da noite, foi apenas e só isso que marcou o seu regresso a Lisboa, onde não toureava há dois anos. De resto, esteve completamente fora de contexto em duas intervenções que o melhor é esquecermos.
Ontem os bandarilheiros pecaram pelo excesso de capotazos. Foi demais. Assim, não.
Tiago Tavares dirigiu com acerto e estreou a modalidade dos lenços coloridos (que não eram de papel, diga-se em abono da verdade...). O único pecado que ontem cometeu foi o de ter concedido música a João Moura, no primeiro toiro da noite... só quando este abandonava a arena. A banda iniciou e terminou de imediato a sua inexplicável intervenção. Isso faz-se?...
Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com