Marcos Bastinhas regressou em grande às arenas e ontem obteve mais um importante triunfo no festival do Sobral de Monte Agraço |
A grande pega de António Faria, dos Amadores de Vila Franca de Xira, ao terceiro novilho-toiro de Coimbra, executada à córnea e ao segundo intento |
Assim iniciou ontem Manuel Dias Gomes a sua artística faena de muleta na arena da praça de Sobral; na foto de baixo, o futuro matador com Miguel e Ana de Alvarenga no final do festejo de ontem |
Miguel Alvarenga - O cavaleiro Marcos Bastinhas e o diestro Manuel Dias Gomes, que se despedia como novilheiro da afición portuguesa antes da alternativa que receberá a 30 de Maio na inauguração da praça francesa de Gamarde, foram ontem os triunfadores do festival que se realizou na praça de Sobral de Monte Agraço e que registou uma fraca presença de público (um quarto de casa forte) devido ao mau tempo. As lides a pé foram executadas debaixo de água, mas mesmo assim o público não arredou pé para assistir à brilhante faena de Dias Gomes, que foi o último a tourear, diante de um bom novilho de Manuel Coimbra. O futuro matador evidenciou raça, empenho, muita entrega e foi autor de verdadeiras pincelas da imensa arte que caracteriza a sua boa interpretação da arte de Montes.
Neste festejo - de que mais logo aqui vamos dar à estampa uma destacada foto-reportagem de Emílio de Jesus - destaque ainda para uma enorme pega de António Faria (a terceira executada à segunda tentativa, depois de na primeira ter sido fortemente derrotado quando a pega estava já valentemente consumada à córnea), dos Amadores de Vila Franca, que não tiveram dificuldades de maior para pegar os dois primeiros novilhos, em que foram caras Francisco Faria (à segunda) e João Matos (à primeira).
Actuaram ainda os cavaleiros Filipe Gonçalves (em tarde-não, pecando por falhar duas vezes os compridos e ainda um curto) e Tomás Pinto (com o novilho mais reservado, que se parava e esperava, conseguindo o cavaleiro dois ferros emotivos quando pisou terrenos de compromisso e entrou pelo oponente dentro). A pé, sob forte chuvada, o matador espanhol Diego Urdiales porfiou muito e procurou sacar faena a um novilho difícil, conseguindo o famoso toureiro alguns detalhes de bom toureio, apesar de ter andado sempre desconfiado e à defesa. O novilheiro espanhol Tomás Campos enfrentou um Coimbra que cedo procurou refúgio em tábuas e deu expressivos passes num palco de terreno, sem dali sair, acabando por dar volta à arena. Bons tércios de bandarilhas executados pelos subalternos espanhóis e também pelo português Fábio Machado.
Manuel Dias Gomes recebeu o melhor novilho de Manuel Coimbra com uma larga afarolada de joelhos em terra e desenhou depois cingidas e bonitas "verónicas" num vistoso quite de capote, Com a muleta, brindou o público com uma faena variada e muito artística, onde prontificou a decisão, o querer e a ambição do nosso futuro matador de toiros.
Na parte à portuguesa, evidenciando o grande momento com que iniciou esta temporada do seu regresso às arenas, Marcos Bastinhas foi o grande triunfador, lidando com acerto, bregando com sabedoria e rematando com arte, depois de cravar ferros que emocionaram pela verdade e que chegaram ao público.
O festival foi bem dirigido por Rogério Jóia.
Fotos Maria João Mil-Homens