Aconteceu a 18 de Maio do ano de 1968, já lá vão 52, e o inédito e polémico episódio ficou para sempre gravado nos anais da História da emblemática Monumental de las Ventas, em Madrid, a primeira praça de toiros do mundo.
Toureava o célebre Manuel Benítez "El Cordobés", a grande figura da época, líder do escalafón, toureiro que aglutinava multidões, esgotava praças e era tema de discussão entre os aficionados.
Miguel Mateo "Miguelín", também figura do toureio nesse tempo, saltou de espontâneo ao ruedo de Las Ventas - de onde em Julho desse mesmo ano viria a sair em glória aos ombros pela porta grande depois de cortar seis orelhas - com o objectivo de desmascarar o ídolo e provar que não ofereciam perigo os toiros que lidava o fenómeno de Palma del Rio.
O toiro em causa pertencia à ganadaria de Soledad Escribano de Bohórquez e "Miguelín", vestido de fato e gravata, rapidamente o dominou e demonstrou aos aficionados as razões porque tomara essa atitude.
Miguel Mateo foi detido pelas autoridades por ter saltado de espontâneo à arena e pagou ao tempo uma multa de 40 mil euros. O caso deu que falar em Espanha e no mundo taurino e afectou, ao tempo, sem contudo o destronar, a carreira do célebre "El Cordobés".
O protagonista deste recordado episódio, nascido em Murcia, mas criado em Algeciras - que nos anos 60 chegou a tourear no Campo Pequeno e em outras praças portuguesas - foi nessa década um dos toureiro punteros no escalafón numa época em que não era fácil um toureiro destacar-se ao lado de figurões como António Ordoñez, "El Viti", Diego Puerta, Júlio Aparício, Paco Camino, Curro Romero ou António Bienvenida.
"Miguelín" tomou a alternativa em Murcia apadrinhado pelo histórico Luis Miguel Dominguín, com o testemunho do mais emblemático dos toureiros venezuelanos, César Girón.
Foi também protagonista em dois filmes da época, "El Momento de la Verdad" e "El Relicário", em que contracenou com Carmen Sevilla em 1969.
"Miguelín" morreu de cancro em Algeciras em Julho de 2003, com 64 anos.
Fotos D.R.