segunda-feira, 2 de novembro de 2020

PróToiro faz balanço positivo da temporada: "Apesar das circunstâncias o sector resistiu e mostrou a sua vitalidade"

A temporada ficou marcada pelos impactos da Covid-19, com uma grande redução de espectáculos mas por uma forte afluência de público e pela união do sector para de adaptar à pandemia

Terminada a temporada tauromáquica a 1 de Novembro, a PróToiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia, representante oficial do sector, vem por este meio comunicar que o balanço da temporada tauromáquica de 2020 foi positivo e demonstrou a grande vitalidade deste importante sector cultural. Um dos poucos que mostrou conseguir sobreviver apenas graças ao público e sem o apoio de dinheiros públicos. De referir que a temporada começou normalmente a 1 de Fevereiro em Mourão, como é habitual, mas 2020 revelou-se um ano totalmente anormal, devido à pandemia da Covid-19. O sector da cultura foi um dos mais afectados tendo, no caso da tauromaquia, levado a que se realizassem 48 espectáculos quando em 2019 se realizaram 207. Estes números vêm interromper a tendência de crescimento do sector nos últimos três anos, que obteve 469 mil espectadores em touradas no ano de 2019.

A retoma dos espectáculos deu-se na segunda metade de Julho, em Estremoz, depois de uma luta intensa e tenaz de todo o sector por um tratamento igualitário e para a definição das regras de funcionamento dos espectáculos tauromáquicos, por parte do Ministério da Cultura e da DGS, que teve como momento decisivo a acção de protesto com toureiros e forcados acorrentados na porta do Campo Pequeno, a 1 de Junho, seguida de manifestação de profissionais de todo o sector. É importante ainda frisar que o sector conseguiu organizar-se e construir uma temporada nas principais praças de toiros do país – por exemplo o Campo Pequeno, Alcochete, Moita, Coruche, Vila Franca, Santarém, Évora ou Figueira da Foz – num exemplo de resiliência notável, sendo um dos poucos sectores culturais que funcionou com a normalidade possível entre os meses de Julho e Outubro.

Segundo Ricardo Levesinho, presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos, "foi um ano caracterizado pela limitação de espectáculos e pela limitação abrupta da lotação máxima de cada praça de toiros. Foi marcada, também, pela afluência extraordinária por parte dos aficionados e do público em geral, o que demonstra um grande respeito por todos os intervenientes que contribuem para que a Tauromaquia seja um espectáculo admirado pela maioria dos portugueses. Entendemos que em termos económicos foi um ano negativo, assim como para tantos outros setores culturais e empresariais afetados pela pandemia".

E acrescenta:

"Estamos satisfeitos por conseguirmos realizar os espectáculos seguindo rigorosamente as normas definidas com a DGS e IGAC, sendo que a aplicação de uma nova taxa de IVA de 23% a estes espectáculos é absurda e ilegal, pelo que estamos a trabalhar para que seja reposta nos 6%. Só um governo desumano poderá atacar os cidadãos desta área cultural num momento tão grave como o actual. Mantemos-nos convictos e esperançosos que em breve podemos todos voltar à normalidade, para continuarmos a trabalhar em prol da cultura portuguesa e para proporcionar aos aficionados excelentes momentos deste magnifico espetáculo cultural".

Para Nuno Pardal, presidente da Associação Nacional de Toureiros, "foi com muita dedicação e esforço que, conjuntamente com as outras associações do setor, nos batemos para que a realização de espectáculos tauromáquicos fossem uma realidade. Também os toureiros tiveram um papel fundamental para viabilizar esta temporada, actuando muito abaixo dos seus cachet's habituais e até mesmo, em algumas ocasiões, graciosamente. À semelhança das outras expressões culturais, os artista tauromáquicos passam por um momento complicado a que o Ministério da Cultura não pode fechar os olhos. Acreditamos que tudo fizemos para minorar o impacto e esperamos que a próxima temporada seja já de alguma normalidade".

Nas palavras de João Caldeira, vice-presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados: "Os Grupos de Forcados em geral e a todos os forcados em particular, mostraram o que é união quando a situação assim o exige. A troco de defenderem aquilo que gostam, de defenderem as suas raízes, sem quaisquer outros interesses que não seja pegar toiros mostrando a sua arte e valentia. Mobilizaram-se, esquecendo rivalidades antigas, exigindo que a tauromaquia não seja discriminada, pois ela é parte integrante da nossa cultura. Um grande bem haja a todos eles por toda a dedicação à arte de pegar toiros e à figura do Forcado Amador".

Segundo o presidente da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, João Santos Andrade, "com a diminuição de espectáculos as ganadarias debatem-se agora com o excesso de produção sendo obrigadas a enviar os seus animais para o matadouro sem serem lidados, o que impede o apuramento da bravura da raça e gera uma elevada perda económica. Esperamos no próximo ano conseguir uma temporada o mais normal possível, para evitarmos a diminuição do efetivo desta raça autóctone, pois a criação do toiro de lide revaloriza os recursos naturais fazendo um aproveitamento racional dos mesmos, mantendo o ecossistema e contribuindo para o equilíbrio do meio ambiente, promovendo a biodiversidade de 70 mil hectares, sobretudo de montado e lezíria. Também estes ecossistemas podem ser afectados com a redução de toiros bravos no campo".

Para Luís Capucha, presidente da Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal, "a temporada de 2020 será recordada pelo apego dos aficionados à Festa, que permitiu que se realizassem dezenas de corridas de toiros. Pela civilidade inigualável demonstrada pelos aficionados nas praças de toiros. Pela determinação em amar o seu ser, sem ceder ante os ataques cobardes e ignominiosos a coberto da Covid. Pela rejeição do medo e pela afirmação da responsabilidade e da esperança de que juntos vamos vencer todos os inimigos".

A todos os profissionais e intervenientes, aficionados e público em geral, que criaram as condições para que a temporada 2020 pudesse existir, a PróToiro deixa o seu profundo agradecimento, fazendo votos para que a pandemia seja, o quanto antes, uma má memória do passado e a 1 de Fevereiro de 2021 possamos celebrar o arranque de mais uma temporada.

PróToiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia

Foto D.R.

PróToiro contabiliza a realização de 48 espectáculos em 2020,
mais três do que os que tinham sido avançados esta manhã
pelo site toureio.pt