Miguel Alvarenga - Jorge Bento Cordeiro morreu há dois anos, com 63, depois de uma corajosa e digníssima luta contra essa doença que não perdoa. E deixou saudades. Saudades que ainda hoje todos temos dele.
Não era toureiro, mas era irmão de um toureiro, o Rui Bento - e vivia intensamente essa paixão, como se fosse a dele. E era.
Lembro-me sempre das inúmeras vezes em que, manhã cedo, me aparecia na Redacção de "O Título", no princípio dos anos 90, carregado de fotografias e recortes de jornais que davam conta dos triunfos do seu irmão em arenas de Espanha e França, acabadinho de chegar à Estação de Santa Apolónia, vindo do lado de lá da fronteira, onde acompanhara o Rui na suas actuações.
Era um Homem bom - e isso não é hoje apenas um lugar comum, atribuído por norma a todos os que morrem. O Jorge era mesmo um Homem bom. Apaixonado pela vida, apaixonado pelos amigos, apaixonado pelas causas que defendia. Tinha uma belíssima dose de loucura, mas de loucura sã, que tantas vezes comigo repartiu - e que guardo para sempre na minha memória, agora com imensa saudade.
Recordo-o dois anos depois da sua partida. E daqui abraço, neste dia, o Rui, o Rui filho, a viúva do Jorge, os amigos que deixou - e foram tantos!
Foto M. Alvarenga