Prates foi a estrela da tarde na Moita |
Miguel Alvarenga - Na Moita, sábado, não estive. Tive pena, mas estava na novilhada da Azambuja, para dali seguir rumo a Cantaleja com a "minha" equipa e volto a lembrar que um dia terei, mas por enquanto não tenho ainda o dom de estar em dois sítios ao mesmo tempo... De manhã na Moita houve uma agradável novilhada em que se lidaram quatro novilhos de Palha, Engº Jorge de Carvalho (ganadeira Raquel chamada à praça), Calejo Pires e Falé Filipe (ganadeiro também premiado com ida à arena) e na qual, pelo que li, se destacou em grande o jovem e meritório diestro local Filipe Martinho, com boas prestações também do espanhol Eric Olivera, da Escola de Badajoz.
Da corrida da tarde, com menos público que se esperava (infelizmente), o que soube foi pelos telefonemas que fiz no caminho para Cantalejo. "Por unanimidade", todos os amigos que contactei me disseram o mesmo: Prates arrasou! Rouxinol Jr. esteve muito bem e ao seu melhor estilo, Salgueiro da Costa andou valente, mas intermitente, não rematando. E houve belíssimas pegas dos Amadores de Alcochete e do Aposento da Moita, com destaque para a de André Silva deste segundo grupo, que teve honras de título na crónica de Miguel Ortega Cláudio no site "Tauronews" que, com a devida vénia, aqui publico (não faço crónicas, era o que faltava, de corridas que não vejo...).
O que posso dizer, pelos videos que alguns amigos tiveram a gentileza de me fazer chegar, permitindo-me desta feita ter uma visão mais segura do que se passou na Moita, que António Prates arrasou de verdade, que desta vez não houve "empates" e o jovem cavaleiro de Vendas Novas marcou mesmo - e de que maneira! - a diferença, sobretudo pelos dois ferros colossais que cravou no último toiro da corrida.
Li críticas com visões distintas. Baralhei-me. Os videos puseram as coisas no sítio.
Fica a minha opinião, pelo que me foi dado ver em videos - respeito a dos outros. Mas deixo a do Miguel - que é um crítico insuspeito. talvez mesmo dos mais conhecedores de toiros e por isso mesmo dos que melhor interpretam com seriedade uma corrida - e que muito admiro e respeito.
Por fim, um agradecimento especial ao meu amigo José Miguel Moore, que fez o favor de fotografar a corrida e me fazer chegar as fotos.
André Silva, foi o nome maior da tarde
na Moita do Ribatejo
Salgueiro da Costa, teve o lote mais equilibrado da corrida de São Torcato. O primeiro, bravo e encastado e o segundo do seu lote o mais nobre do encierro. O seu toureio, ontem na Moita, exalou uma frieza com a qual parece impossível alcançar a emoção que o triunfo exige. No primeiro andou correcto nos compridos e nos curtos mas faltaram coisas para rematar o quadro. Com o quarto a lide não rompeu e Salgueiro foi perdendo a ambição de triunfo com o decorrer da mesma, houve bons ferros? Houve, mas faltou chama a esta lide e o tom morno foi-se apoderando do público.
O segundo da tarde foi desses toiros que corrói e envelhece a alma de um toureiro; toiros que pesam muito tempo na cabeça de quem o têm pela frente e o obriga a acelerar o pensamento para o tirar da cabeça… Calhou a Rouxinol Jr. que lhe deu uma lide digna, séria e valente.
No quinto andou mais à vontade diante de um toiro mais colaborante, mas que denotava estar condicionado fisicamente. A lide foi bonita iniciada com uma grande sorte de gaiola, teve bons detalhes toureiros, mas por qualquer motivo não chegou com força devida às bancadas.
António Prates lidou em primeiro lugar um toiro com cara, mas escorrido de carnes, encastado mas a dizer pouco aos presentes. O cavaleiro de Vendas Novas andou em tom morno, a cravar bem os ferros, bonito na brega mas novamente faltou qualquer coisa para o triunfo ser importante.
O sexto, o mais pesado da corrida, teve mobilidade, e emoção nas acometidas ao cavalo, Prates voltou a andar correcto e bonito em grande parte da lide e só no fim com um cavalo de batidas conseguiu meter o “público no bolso”. E aí sim se viu a ambição de triunfo, o arriscar, e a resposta dos presentes mesmo quase ao fim de três horas de espectáculo foi unânime, uma forte ovação de pé.
Foi pouco para uma tarde que se esperava competitiva para estas três jovens promessas do toureio, numa praça de primeira categoria. Onde os triunfos valem e contam… Possivelmente andem cômodos, tenham muitos contratos feitos para esta temporada mas o público que vai aos toiros precisa de motivos para lá ir e assim… falta o elemento da ambição, emoção e da incerteza da luta, essa emoção e ambição que cobre de importância tudo o que acontece e de que a festa tanto necessita hoje em dia. Meus caros “apertem os machos” que a Festa precisa de vocês!
Para as pegas estavam anunciados dois grupos de forcados vizinhos e com pergaminhos na Festa dos Toiros. Amadores de Alcochete a comemorar os seus 50 anos e o Aposento da Moita.
Abriu praça Leandro Bravo numa pega de pouco brilho, em que os ajudas estiveram coesos a entrar e resolver à primeira tentativa. Tiago Cação pegou o terceiro da tarde à segunda tentativa, toiro de derrote alto e descomposto na primeira tentativa. Na segunda o toiro veio pelo caminho dele e o grupo ajudou com decisão. Fechou a corrida, pelos Amadores de Alcochete, José Freire que convidou três elementos do grupo do Aposento da Moita para compartilhar grupo, visto que o segundo toiro da tarde havia partido um corno na colocação para a pega, num derrote que deu contra as tábuas. Freire à primeira com boas ajudas fez uma boa pega.
Pelo Aposento da Moita que só pegou dois toiros pelo sucedido no primeiro do seu lote, saltou Fábio Matos que depois de brindar por segunda vez aos Amadores de Alcochete teve que lhe bater as palmas três vezes. O toiro tinha uma cara um tanto ou quanto fechada o que dificulta de certo modo a entrada do forcado na sua cara e também uma investida bruta e dura. Mas à terceira já com as ajudas mais carregadas foi resolvido o problema. Fechou a tarde o nome maior da corrida, André Silva! Saltou a trincheira a primeira vez para pegar um toiro na praça da sua Terra a Moita e a sua cara era um misto de responsabilidade e ambição de triunfo… Mas ao mesmo tempo serena. Brindou à família de Sérgio Faustino, recentemente falecido e dono de um dos templos gastronómicos da Moita, o "Campino". Toureou o toiro desde desde as tábuas até aos médios da arena, templado, bonito, toureiro, disse ao São Torcato que ali quem mandava era ele, quando quis mandou vir o toiro, recuou quanto baste, recebeu na perfeição, o grupo ajudou coeso e assim se escreveu um hino à arte de bem pegar toiros.
Dirigiu a corrida, que contou com boa assistência de público dentro das medidas exigidas pela DGS, Ricardo Dias, assessorado pelo médico veterinário Carlos Santos.
Fotos José Miguel Moore
Se bem que foto seja ainda das cortesias, quando ainda estava gente a entrar, a praça da Moita não registou este sábado a afluência que se desejava |
Salgueiro da Costa esteve valente, mas não rompeu em nenhuma das lides, soube a pouco desta vez... |
Rouxinol Jr. esteve em tarde grande e ao seu melhor estilo |
Pegas boas e emotivas aos toiros de São Torcato pelos grupos de Alcochete e Aposento da Moita, com destaque para o "pegão" de André Silva, do grupo anfitrião |