domingo, 31 de outubro de 2021

Lições e emoções na última corrida do ano em Évora

Bonito encerramento de temporada ontem na Arena D'Évora com três quartos da lotação preenchidos, muita juventude nas bancadas, toiros bem apresentados e de comportamento notável, na generalidade, da regressada ganadaria Couto de Fornilhos (premiada com volta à arena do representante da divisa no quinto toiro, o melhor dos seis), triunfais actuações dos três cavaleiros e dos dois grupos de forcados - e, no final, uma lição de humildade e de companheirismo dada por João Grave, cabo dos Amadores de Santarém.

O grupo foi premiado pelo júri - que estava composto pelos três empresários gestores da praça de Évora e pelo proprietário da empresa Aromas do Sul - como melhor grupo em praça, mas o cabo João Grave fez questão de pedir o microfone e declarar que "pegar touros à primeira nem sempre é o que mais importa, ser forcado vai muito além disso. Estamos hoje aqui a homenagear alguém que trouxe ética, valores e união ao grupo de Évora e nós, Grupo de Forcados Amadores de Santarém hoje queremos que o prémio fique em casa. Referia-se a João Pedro Oliveira, antigo cabo do Grupo de Évorarecentemente falecido. Grave recebeu estrondosa ovação. Um Senhor. 

A corrida, bem dirigida por Agostinho Borges, que esteve assessorado pela médica veterinária Ana Gomes, teve bom ritmo, houve voltas à arena (já permitidas desde há cerca de um mês pela IGAC e pela DGS desde que se alteraram recentemente as regras e se aboliram as restrições provocadas pela pandemia) e terminou com um animado convívio do público na arena com os artistas, destacando-se a presença de muitos jovens (foto de cima) que assistiram à corrida a convite da empresa - que teve a louvável atitude de oferecer 200 bilhetes a menores de 16 anos das escolas secundárias eborenses, como forma de responder à recente medida do (ainda) Governo (refém do PAN) de alterar a classificação etária do espectáculo tauromáquico para maiores de 16. O que, não sendo uma proibição, mas um "aconselhamento", não deixa de ser mais uma investida contra a tauromaquia. Évora deu ontem a resposta. Aplauda-se a empresa.

Os três cavaleiros que ontem compunham este derradeiro cartel da temporada na Arena D'Évora e que encerravam também eles as suas campanhas de 2021 repartiram entre si triunfos aplaudidos frente aos toiros sérios e com irrepreensível presença da ganadaria Couto de Fornilhos, que há vários anos não lidava nesta praça.

Luis Rouxinol esteve ao seu melhor nível, culminando com dois triunfos sonantes mais uma temporada recheada de êxitos e que ontem, com um total de 26 actuações, o colocou na dianteira do escalafón europeu de cavaleiros. O site mundotoro.com referencia-o hoje como o grande triunfador da tarde de Évora.

Já o site português infocul.pt considera que o triunfador foi Miguel Moura. O jovem cavaleiro de Monforte, que nesta temporada deu por fim o salto em frente para o patamar dos eleitos, recebeu os dois toiros com impressionantes sortes de gaiola e desenvolveu duas lides muito ao estilo "da casa", fechando a sua marcante temporada com chave de ouro.

Sobre João Salgueiro da Costa, outro cavaleiro que marcou esta temporada de 2021 e também se classificou - finalmente - na primeira fila, as crónicas publicadas são unânimes em referir que andou irregular no primeiro toiro do seu lote, mas que voltou a deixar a fasquia bem alta na lide do segundo, reafirmando o posto de triunfador alcançado ao longo da época.

Os grupos de forcados de Santarém e de Évora executaram seis grandes pegas. Pelos escalabitanos foram caras o cabo João Grave, o novo Joaquim Grave (filho do antigo cabo Carlos Grave, primo do cabo actual) e Francisco Graciosa, os três ao primeiro intento e com o grupo a ajudar em grande. Pelos anfitriões, pegaram o cabo João Pedro Oliveira (que brindou a sua Família, consumando aquela que foi a grande pega da tarde, dando duas voltas à arena), Ricardo Sousa (à terceira) e António Torres (na mais complicada pega da corrida, consumada à quinta tentativa).

Ao início da corrida, a Banda Filarmónica de Machede interpretou o "Toque do Silêncio" numa sentida e emotiva homenagem às memórias do ganadeiro José Infante da Câmara e de Carlos Empis e João Pedro Oliveira, antigos cabos dos grupos de forcados de Santarém e de Évora.

Fotos Arena D'Évora e Luis Rouxinol Jr./Facebook

Sexteto de luxo na última corrida do ano em Évora: Miguel
Moura, João Moura Júnior, João Moura, Luis Rouxinol, Luis
Rouxinol Júnior e João Salgueiro