De Rodrigo Alves Taxa, assessor jurídico do Chega, de que ontem aqui publicámos duas fotos na trincheira da praça da Chamusca no último sábado (e hoje publicamos esta, de novo ao lado do ilustre ganadeiro Diogo Passanha e do cavaleiro João Telles), recebi o mail que a seguir se publica e onde esclarece os porquês da sua presença num espaço onde não estava a fazer nada e onde, nesse mesmo dia, muitos repórteres fotográficos foram impedidos de cumprir a sua missão
Caro Miguel:
Fui esta manhã surpreendido com uma publicação do “Farpas” em que se dirige a algumas pessoas que no passado sábado estiveram na Trincheira da Chamusca. Pessoas, essas, a quem apelidou, nessa mesma notícia, de curiosos ou intrusos. Admirado que estou por esta notícia disparatada, considero ser meu direito responder-lhe a algumas dúvidas, até porque no que me diz respeito foi muito frontal a colocá-las.
Perguntou o Miguel:
Ser "companheiro de sempre da família Ribeiro Telles" dá acesso às trincheiras das praças de toiros?
Caro Miguel. De facto não. Ser companheiro de sempre da família Ribeiro Telles ou de qualquer outro artista não dá acesso às trincheiras. O que dá ou não acesso às trincheiras é uma coisa a que chamamos “senha de trincheira”. Senha, essa, que me deram e que trouxe sempre ao peito como mandam as regras. Não incumpri o regulamento, meu caro.
Se foi algum Ribeiro Telles quem ma deu ou qualquer outra pessoa, aí desculpar-me-á Miguel, mas não tem nada com isso. E se houve uma senha para mim mas não havia para si ou para algum fotógrafo, quem não tem nada a ver com isso, sou eu. Quem tem senhas, que as distribua por quem quiser.
Portanto, conversados neste ponto. Termino apenas lamentando que tenha ido à minha página pessoal de facebook buscar uma fotografia e sua legenda que publiquei sem que mo tenha comunicado. É até, como sabe, jornalisticamente, lamentável.
Quanto à questão “ Mas, porventura, isso justifica que ontem estivesse na trincheira, munido de um sombrero?...”, respondo-lhe o seguinte:
Miguel, desde há alguns anos a esta parte que já me vem caindo o cabelo. Talvez acabe careca por via da muita água que em tempos bebi na Torrinha. Como viu estava um Sol abrasador na Chamusca e eu aproveitei para estar de sombrero, qual grande lavrador ribatejano do século XVIII. Talvez comece a ir para o parlamento de chapéu de aba largar. Ou de barrete. Ainda não decidi bem.
Agora a sério, Miguel. Se esteve na corrida viu bem que o sombrero não era meu. Era de facto, do João Ribeiro Telles e da mesma forma que me viu com ele nas mãos também há de ter visto com uma garrafa de água ou até uma toalha. Escolha a fotografia com o adereço que ache que me fica melhor e publique. Esteja à vontade.
Por último, questionou o Miguel:
“Francisco Rodrigues dos Santos (foto), o líder do CDS-PP, também esteve presente no festival. Mas assistiu na bancada, como as pessoas normais e que não têm a ver com o espectáculo. O que fazia o nosso amigo Rodrigo na trincheira?”.
Caro Miguel, em primeiro lugar permita-me afirmar que pese embora não tenha qualquer simpatia pessoal ou política pelo meu colega Rodrigues dos Santos, agradou-me vê-lo nos toiros. Por mim, ia malta de todos os partidos aos toiros. E indo malta de todos os partidos não quer dizer que fossem como políticos. É certo que a política vive dentro do homem que a exerce mas eu quando vou aos toiros, vou como aficionado, nunca como político.
Só fiquei com uma pequena dúvida. Não percebi da sua escrita se só são pessoas normais as que se sentam na bancada. Isso, e se a uma pessoa normal que esteja quase sempre na bancada e que não tenha directamente a ver com o meio taurino, não se lhe pode dar uma senha de trincheira que passa a ser uma pessoa, anormal?
Sabe Miguel, termino a minha resposta dizendo-lhe o seguinte com a máxima frontalidade. Tenho respeito por si. Só não tenho por quem me trata mal. Não é o caso. Nunca me tratou mal. Pelo contrário, até por diversas vezes deu à estampa no "Farpas", escritos meus. Coisa que lhe agradeço. Honestamente. Mas portou-se mal com todos aqueles a quem se dirigiu nesta notícia. Pela simples razão de que não é uma notícia. É meramente uma intriga. Portou-se mal, foi indelicado, foi incoerente, foi ilógico e fez mal à festa e a alguns que tanto defendem a festa sem nada quererem em troca.
Se algum dia me voltar a ver numa trincheira, coisa que pode muito bem acontecer, se quiser ir para lá o Miguel e não tiver senha para lá ficar, peça-me a minha que eu dou-lha.
Rodrigo Alves Taxa
A minha resposta
Caro Rodrigo,
Em primeiro lugar, um abraço. A seguir, os meus agradecimentos pela prontidão com que decidiu esclarecer os porquês da sua presença na trincheira da praça de toiros da Chamusca, sem ter absolutamente nada que ver com o espectáculo, apenas e só, como confirma, por laços de amizade à ilustre e também minha amiga Família Ribeiro Telles.
Depois, digo-lhe que não me "portei mal" com ninguém. Não é meu costume. E o que ficou escrito no "Farpas" não foi, como diz, "uma intriga". Foi, antes, o constatar de algumas anomalias verificadas na atribuição de senhas de trincheira no festival da Chamusca, aliás criticadas também por alguns repórteres fotográficos no Facebook.
Quanto ao suposto "roubo" da foto, peço-lhe perdão, mas já em muitas ocasiões anteriores, como confirma e me agradece, me socorri de fotos suas da sua página do Facebook para ilustrar artigos seus que fez o favor de me enviar. E nunca, até hoje, o Rodrigo me chamou a atenção por eu ter feito alguma coisa "jornalisticamente lamentável"...
Por fim, espero sinceramente não o voltar a ver numa trincheira. Porque o espaço é, há anos e anos, reservado exclusivamente a quem lá tem que estar por motivos de ordem profissional... e não por amigos de fulano ou beltrano.
Agradeço a sua disponibilidade para me ceder a sua senha de trincheira em qualquer outra ocasião, mas nunca gostei de estar nesse espaço. Não é o meu lugar numa praça. E fotografo muito melhor da bancada. Mas obrigado na mesma.
Um abraço
Miguel Alvarenga