Miguel Alvarenga - Ontem à noite, na sua praça, os Amadores do Montijo sairam claramente triunfadores da competição com os rivais da Tertúlia e os da Moita, frente a poderosos toiros da ganadaria Fontembro que não deram tréguas aos valentes das jaquetas de ramagens.
Menos rodados, menos experientes e talvez menos vocacionados para enfrentar a dureza de toiros como ontem se revelaram os sérios e emotivos exemplares da ganadaria Fontembro, de José Salvador, sem que isso signifique falta de valor e sobretudo de vontade, os forcados dos grupos de Amadores da Moita (bem na primeira pega, ao primeiro intento; menos bem na segunda, à terceira e com o grupo sempre a abrir, ajudando mal) e Amadores da Tertúlia Tauromáquica do Montijo (uma grande pega do cabo Luis Carrilho e uma segunda que não se chegou a efectuar, voltando o toiro vivo aos currais) não tiveram ontem uma noite fácil na Monumental do Montijo e as muitas tentativas efectuadas para pegar o quarto e o quinto toiros contribuíram negativamente para que a corrida se arrastasse até à uma e meia da madrugada, três horas e meia de tourada, fruta a mais para a paciência de qualquer ser humano, por mais aficionado que se proclame...
No que aos forcados diz respeito, os triunfadores da noite foram os Amadores do Montijo, com duas grandes pegas, a primeira executada pelo cabo José Pedro Suissas, forcado consagrado e de enorme raça e poderio (que brindou ao Provedor da Santa Casa, Ilídio Massacote) e a segunda (última da corrida) por Ricardo Parracho, ambas ao primeiro intento, a toiros de Fontembro que não foram fáceis, antes pelo contrário. O toiro fez uma emotiva rotação de 360 graus sobre o grupo, ficou deitado, mas recompôs-se. Nesta última pega saíu um dos forcados lesionado, mas pelo seu próprio pé, pelo que não terá sofrido nada de grave.
Os Amadores da Moita, que eram os cabeças de cartaz deste trio de grupos de forcados da corrida de São Pedro na Monumental do Montijo, pegaram o primeiro toiro da noite ao primeiro intento, com uma excelente intervenção de João Pedro Pombinho, bem ajudado por todos os companheiros; e frente ao quarto toiro, João César concretizou a pega à terceira tentativa. Esteve mal nas duas primeiras intervenções, tocando piano na cara do toiro, sendo também mal ajudado pelos companheiros nessas duas primeiras intervenções.
O segundo toiro da noite foi pegado com grande poderio, excelente técnica e apurado brilhantismo pelo cabo dos Amadores da Tertúlia do Montijo, Luis Carrilho, que aguentou fortes derrotes sem sair, contando com uma boa intervenção dos ajudas e sobretudo com uma eficaz e poderosa primeira ajudas dada por Duarte Martins, que no final foi também chamado, com mérito e merecimento, à arena. O cabo Carrilho brindou a sua excelente pega a Francisco Macedo, Presidente da Associação de Forcados.
O quinto toiro recolheu aos currais sem ser pegado. Jorge Mourão tentou a sorte por três vezes, acabando por recolher à enfermaria, o mesmo acontecendo a dois outros forcados que fizeram mais uma tentativa cada. Por fim, o cabo e outro elemento tentaram salvar a honra do convento com uma pega de cernelha, que também não foi concretizada. Por morrer uma andorinha não acabou nunca a Primavera. No final, mesmo por baixo da barreira em que me sentava, Luis Carrilho veio apresentar as suas desculpas ao director de corrida. Humildade e educação. Um gesto que aplaudo.
Fique agora com as sequências das seis pegas.
Fotos M. Alvarenga
A noite começou bem com a pega de João Pedro Pombinho (Moita) à primeira tentativa |
Grande pega de José P. Suissas, cabo dos Amadores do Montijo, ao terceiro toiro, brindada ao Provedor da Santa Casa |
João César (Moita) pegou o quarto à terceira |
Grupo da Tertúlia fez cinco tentativas de caras e depois tentou a cernelha, mas ficou por fazer a pega ao quinto toiro... |
Ricardo Parracho (Amadores do Montijo) fez uma brilhante pega ao último toiro, que no momento da reunião rodou 360 graus sobre o grupo |