Miguel Alvarenga - Quarenta anos depois de ter revolucionado por completo a arte de tourear a cavalo e depois de já ter passado o testemunho a seus filhos João e Miguel, o Maestro João Moura mantém-se no activo e não pensa em retirar-se tão cedo das arenas. Foi recentemente operado à vesícula, tem um problema de articulações num joelho, está neste momento a fazer "uma dieta rigorosa", sublinha, "para me apresentar a cem por cento no Campo Pequeno" na noite de 4 de Junho, onde vai voltar a rivalizar com Pablo Hermoso de Mendoza (não toureiam juntos em Lisboa desde 2007) tendo também por alternante o jovem Marcos Bastinhas - e a realidade é que a maestria continua a transpirar por todos os poros do mais famoso cavaleiro tauromáquico nacional das últimas quatro décadas. João Moura soma e segue e continua a tratar os toiros por tu.
Ontem, no emblemático tentadero da sua Quinta de Santo António em Monforte, verdadeiro santuário de glória da revolução mourista, assistimos a mais um treino do Maestro Moura com seu filho Miguel e, mais que qualquer palavra, as fotos falam por si e demonstram que a raça, a maestria, o temple e o saber e a diferença permanecem, tantos anos depois, cada vez que ele se monta no cavalo e executa a arte que o tornou célebre.
"Sinto-me em forma, estou finalmente recuperado da operação, estou a fazer uma dieta rigorosa e o Pablo Hermoso que se cuide, que ainda vai ter que levar comigo no Campo Pequeno", afirma, com alguma ironia, face ao grande compromisso de 4 de Junho em Lisboa. Até lá, João Moura actuará a 9 de Maio em Garvão e a 31 em Santiago do Cacém. Pelo meio, continuará a acompanhar, como sempre, a carreira dos filhos. Amanhã vai estar em Alter com o Miguel, no domingo de manhã em Sevilha com o João Júnior. Em Monforte, a azáfama de sempre: "de manhã à noite" preparam-se os cavalos, afinam-se as máquinas. Está à porta mais uma temporada. E o Maestro Moura ainda tem uma, muitas, palavras a dizer.
Fotos M. Alvarenga