Feira de S. João, que em Junho decorre na Monumental da Ilha Terceira, está este ano envolta em grande polémica |
O anúncio dos três cartéis da próxima
Feira de São João (vulgo Sanjoaninas) em Junho na Ilha Terceira - apresentados
oficialmente na passada semana - está a gerar revolta e indignação entre a
afición local e fez nascer na rede social "Facebook" o Movimento "Basta", que se opõe aos mesmo e já recolheu mais de duzentas assinaturas (foto da esquerda) num
documento que na próxima sexta-feira entregará aos organizadores do ciclo, a
Tertúlia Tauromáquica Terceirense e a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.
O protesto contra os elencos das
Sanjoaninas veio ontem a lume no jornal "Diário Insular" (foto da direita), que deu a
conhecer a existência do Movimento "Basta" - que se bate sobretudo pelo que
considera uma "fraca aposta no produto nacional", acusando os
organizadores da feira de "terem deixado no campo toiros com trapio de
ganadarias locais e de terem apostado sobretudo na contratação de toiros
continentais e até espanhóis, em detrimento dos nossos valores".
A primeira corrida das Sanjoaninas, a 21
de Junho, reúne os cavaleiros continentais Luis Rouxinol, Vitor Ribeiro e
Gilberto Filipe e também os três cavaleiros da Terceira, os irmãos Tiago e João
Pamplona e Rui Lopes que, segundo o Movimento "Basta", "vão tourear um só
toiro cada, mas receber o cachet como se toureassem dois, para não ficarem de
fora". Lida-se um toiro da ganadaria espanhola Miura - que terá custado 7
mil euros, acusa o Movimento "Basta" - e também um de Jandilla, dois das ganadarias continentais de Vinhas e de Ascensão Coimbra e dois das ganadarias açoreanas de Rego
Botelho e João Gaspar (ex-Irmãos Toste); na segunda corrida, dia 24, toureiam
Rouxinol, Ribeiro e Gilberto Filipe e os toiros são de Vinhas, Rego Botelho e
Ascensão Coimbra (dois de cada); por fim, dia 28 tem lugar a tradicional
corrida de matadores, que este ano apresenta os espanhóis António Ferrera e
Diego Urdiales e o francês Juan Leal (que ali triunfou no ano passado), com a
particularidade de este ano não poder ser denominada como "corrida de
toiros", porque se lidarão novilhos de três anos das ganadarias Jandilla e
Rego Botelho (três de cada divisa) e o novo Regulamento obrigar a que numa
corrida se lidem toiros de quatro anos. Nos cartazes, o festejo está anunciado
como "Grandioso Espectáculo" e não como corrida de toiros. "Uma
vergonha", acusa o Movimento "Basta", lamentando que "toureiros da
categoria destes venham à Ilha Terceira tourear... uma novilhada".
"A única maneira de nos
manifestarmos é deixar as bancadas da Monumental da Ilha Terceira
despidas", defende o Movimento "Basta", que no seu documento apela "aos
aficionados e aos emigrantes que defendam o que é nosso, faltando às duas
corridas e à novilhada apeada. Façam justiça a defender o produto da Terceira e o
nosso toiro bravo".
Arlindo Teles, presidente da Tertúlia
Tauromáquica Terceirense, membro da Federação Prótoiro e organizador da Feira
Taurina de S. João, reagiu no "Diário Insular" aos protestos dos
aficionados terceirenses, minimizando a questão e afirmando que "só não faz parte do cartel das
Sanjoaninas quem não quis".
Fotos D.R.