Momentos do treino de Miguel Moura ontem em Monforte |
Miguel Moura com o apoderado Abel Correia |
"Tenho a máquina toda afinada para arrancar amanhã em Alter!" |
Miguel Moura com Miguel Alvarenga, ontem, na Quinta de Santo António |
Miguel Alvarenga - Vi-o ali, um dia, naquele tentadero cheio de história da Quinta de Santo António, em Monforte, lidar a primeira vaca, quando, ainda menino e moço, decidiu seguir as pisadas de seu pai e de seu irmão. Tinha ares de miúdo traquinas e viu-se logo que nas veias lhe corria aquela arte, aquela raça e aquela característica de não querer perder nem a feijões, tão própria do Maestro Moura, seu Pai e também de seu irmão João.
Os anos passaram e o Miguel Moura que ontem vi tourear naquele mesmo palco sagrado da quinta de Monforte é hoje um toureiro mais maduro, mais experiente e mais consistente. Espanha, onde no ano passado cumpriu notável temporada, deu-lhe, como noutros tempos a seu pai e actualmente a seu irmão, o traquejo e a experiência, a rodagem e o placeamento que dão normalmente forma e estrutura à caminhada e ao futuro de um toureiro.
Miguel, por enquanto o mais novo dos Moura nas arenas - enquanto seu pequeno irmão Tomás não entrar também, como se prevê, no mercado - tem a consciência de que "as coisas não estão fáceis". O irmão João Júnior explodiu finalmente e já demonstrou estar decidido a assumir o trono da nova vaga, mas mesmo assim Miguel considera que "há espaço para todos" e sobretudo para ele.
"Tenho uma palavra a dizer, terminei a temporada passada com um bom triunfo na última corrida do Campo Pequeno e a minha ambição passa por chegar mais longe e marcar ou tentar consolidar uma posição nesta temporada", afirma, com a certeza de que sabe bem o que quer e para onde vai.
Ser filho do Maestro Moura e irmão do triunfador João Moura Júnior é, reconhece, "uma responsabilidade redobrada e acrescida, mas eu estou cá para provar o que valho e para demonstrar que não serei mais um".
Os cavalos "Xarope", "Nortenho", "Linares", "Descarado", "Pincel" e o já famoso "Pinguim", que ontem utilizou no treino em Monforte, são a base de uma quadra solidificada, também com novos valores a despontar e que asseguram a Miguel Moura uma consistência e uma segurança que lhe permitem este ano "enfrentar todos os toiros e todas as ganadarias, sem fazer escolhas de espécie alguma".
"Eu toureio todos os toiros, de mim nunca hão-de dizer que ando acomodado e com a papinha feita...", afirma com convicção e a prova está em que o seu primeiro grande compromisso será amanhã, sábado, em Alter, com toiros da poderosa ganadaria de Vale do Sorraia, seguindo-se os da Casa Avó na corrida de 3 de Maio na Benedita. E ao Campo Pequeno irá a 18 de Julho com uma das mais duras ganadarias do abono lisboeta, a de Canas Vigouroux.
No ano passado, o da alternativa em Lisboa, Miguel Moura afirmou-se em Espanha, onde já este ano cortou duas orelhas, este mês, em Esparragalejo, tendo agendas as próximas corridas para os dias 16 e 17 de Maio. Em Portugal, onde continua sendo apoderado por Abel Correia, pretende este ano "marcar uma posição" e "consolidar um lugar".
Prognósticos para amanhã em Alter, onde a venda de bilhetes prossegue em grande ritmo, tem estes: "triunfar, triunfar e triunfar!". No primeiro grande compromisso da sua campanha de 2015, o jovem cavaleiro vai amanhã "medir forças" com Luis Rouxinol e Vitor Ribeiro. "Dois cavaleiros consagrados e que não dão tréguas e com os quais muito me honra competir. Tenho por eles o maior respeito, mas vou a Alter para ser o melhor!", diz Miguel. Com a convicção e a certeza, repito, de quem sabe muito bem o que quer e para onde vai. Ou não fosse ele um Moura.
Fotos M. Alvarenga e Ana de Alvarenga